A Nigéria se tornou o país mais letal para os cristãos, superando o regime totalitário da Coreia do Norte, conforme o mais recente relatório anual da missão Global Christian Relief sobre a perseguição aos cristãos no mundo.
Na última terça-feira (7), a Global Christian Relief divulgou sua “Lista Vermelha de 2025” dos países mais perigosos para os cristãos. No relatório, a organização apresentou dados verificados para documentar assassinatos, prisões, deslocamentos forçados e ataques à propriedade.
Nos últimos dois anos, a Nigéria se tornou o local mais hostil para os cristãos, com quase 10.000 crentes mortos principalmente por grupos terroristas como o Boko Haram e afiliados do Estado Islâmico.
Os ataques historicamente se concentraram no norte de maioria muçulmana da nação. Contudo, eles se espalharam para o sul cristão da Nigéria, o país mais populoso da África, de acordo com a missão Portas Abertas no Reino Unido.
“O Boko Haram e a Província da África Ocidental do Estado Islâmico, ambos alinhados ao grupo militar Estado Islâmico, têm como alvo específico os cristãos e usam táticas como matar homens cristãos para desestabilizar famílias e comunidades”, informou a Portas Abertas em 2022.
Sobre o aumento da violência, grupos humanitários também relataram: “Enquanto isso, pressões ambientais estão empurrando pastores Fulani para o sul, iniciando conflitos com fazendeiros cristãos. Facções militantes transformaram essas disputas em violência étnica e religiosa, devastando ainda mais regiões cristãs”.
Países mais perigosos para os cristãos
Na “Lista Vermelha de 2025” da Global Christian Relief, os países africanos ocupam as quatro primeiras posições das nações mais perigosas do mundo para os cristãos — em ordem: Nigéria, República Democrática do Congo, Moçambique e Etiópia. A Rússia está classificada em 5º lugar.
A Índia registrou o maior número de ataques a residências e igrejas cristãs, motivados em grande parte por grupos nacionalistas hindus que tinham como alvo comunidades minoritárias.
“Apesar dos desafios intensos em lugares como Nigéria, China e Índia, continuamos ver uma resiliência notável nessas comunidades”, disse Brian Orme, presidente-executivo interino da Global Christian Relief em um comunicado à imprensa.
“Mesmo nas circunstâncias mais sombrias, a Igreja não apenas sobrevive, mas se fortalece — milhões estão escolhendo seguir Jesus, apesar de saberem dos riscos que enfrentam”, acrescentou.
A Global Christian Relief informou que no Azerbaijão, militares forçaram toda a população cristã de Nagorno-Karabakh a fugir em 2023, marcando o deslocamento mais significativo de cristãos no mundo.
Enquanto isso, a China liderou o mundo em prisões de cristãos, com mais de 1.500 crentes detidos sob as proibições religiosas do governo comunista — 1.000 a mais do que a segunda maior contagem conhecida na Eritreia, com 475.
Já a Coreia do Norte está em quinto lugar em prisões, embora o controle totalitário do país sobre as informações impeça o acesso internacional a dados reais, observou a Global Christian Relief.
“Os dois anos de relatórios da Red List revelam onde as comunidades cristãs enfrentam as ameaças mais graves e nos ajudam a direcionar o suporte vital para onde ele é mais necessário”, explicou Orme.
‘Defesa daqueles que estão sendo perseguidos’
A metodologia de pesquisa anual da "Lista Vermelha" é fundamentada em dados do Violent Incidents Database, um projeto do International Institute for Religious Freedom, que compila relatórios de entrevistas de campo, parceiros de pesquisa e incidentes auto-relatados. Apenas os casos verificados são incluídos no relatório.
O chefe de pesquisa e estratégia da Global Christian, Ron Boyd-MacMillan, destacou a importância da advocacia global para conter a violência.
“Falar por mais liberdade tem efeitos muito poderosos, e já vimos isso várias e várias vezes. Nossa esperança é que a administração [do novo Trump] e as pessoas ao redor do mundo se juntem a nós na defesa daqueles que estão sendo perseguidos”, disse ele.
O presidente americano Donald Trump, durante sua administração anterior, implementou diversas ações para fortalecer as proteções aos cristãos ao redor do mundo. Em 2019, ele presidiu o Evento das Nações Unidas sobre Liberdade Religiosa, no qual fez um apelo para que os países ampliassem a liberdade religiosa.
“Para impedir os crimes contra pessoas de fé, libertar prisioneiros de consciência, revogar leis que restringem a liberdade de religião e crença, proteger os vulneráveis, os indefesos e os oprimidos, a América está com os crentes em todos os países que pedem apenas a liberdade de viver de acordo com a fé que está dentro de seus próprios corações”, disse Trump na época.