Recentemente no Sudão, um tribunal condenou 7 cristãos a penas de prisão que podem ser de cinco a sete anos por falsas acusações de roubo.
Os cristãos deslocados em Shendi, no estado do Rio Nilo, foram presos no dia 14 de janeiro e torturados por agentes da Inteligência Militar. Segundo o advogado Shinbago Mugaddam, agora, eles estão cumprindo penas de prisão.
Os acusados são membros da Igreja Sudanesa de Cristo e fugiram da guerra em Cartum, localizada a 150 quilômetros a sudoeste de Shendi.
Eles foram sentenciados em um julgamento no mesmo dia de sua prisão, após serem torturados a confessar a suposta acusação.
“Esses jovens foram julgados sob o Artigo 174 do Código Penal Sudanês de 1994, relacionado a roubo, em um julgamento sumário [procedimento jurídico que visa a resolver processos de forma mais rápida e eficiente] no Tribunal Shendi, estado do Rio Nilo, onde as condições para um julgamento justo não foram atendidas”, disse Mugaddam ao Morning Star News.
“Agentes do MI das Forças Armadas Sudanesas (SAF) acusaram os cristãos de roubo e apoio às Forças de Apoio Rápido (RSF) paramilitares rivais, com os cristãos negando ambas as alegações”, acrescentou.
A União da Juventude Cristã Sudanesa afirmou que as acusações eram falsas e uma desculpa para prender os cristãos.
Dentre os cristão que foram detidos, estão: Muraad Morjaan Anglo, Akram Omer Al Mahadi, Mutaz Al Seed Ibrahim e Amjad Mustafa, e outro cristão não identificado. Algab Mohamed Al Mahadi Atroon e Murkus Moses Allajabu foram condenados a cinco anos de prisão cada um.
‘Que Deus esteja com eles’
Após o ocorrido, os cristãos sudaneses estão convocando outros crentes ao redor do mundo para orar e se posicionar. Nas redes sociais, um cristão compartilhou:
"Vamos levantar nossas mãos nas igrejas e orar por esses jovens que estão na prisão para que Deus esteja com eles".
A União da Juventude Cristã Sudanesa condenou as prisões e exigiu a libertação imediata dos cristãos.
Ao classificar as detenções como uma violação dos direitos humanos e religiosos no Sudão, a organização apelou para que grupos de direitos, bem como organizações regionais e internacionais, intervenham para proteger aqueles que estão sendo mantidos em prisão sem provas.
‘Os cristãos são incapazes de fugir’
Em maio, o governo militar do Sudão aprovou uma lei que restaurou amplos poderes e imunidades aos agentes de inteligência, os quais haviam sido retirados após a deposição do presidente Omar al-Bashir, em abril de 2019.
A Lei do Serviço Geral de Inteligência (GIS) (Emenda de 2024) concede aos agentes de inteligência a autorização para convocar e interrogar indivíduos, realizar vigilância e buscas, deter suspeitos e apreender bens, conforme o Sudan War Monitor.
A emenda também garantiu imunidade ampla, protegendo os agentes de processos criminais ou civis sem a necessidade de aprovação do chefe do GIS. Nos casos que envolvem pena de morte, a medida concedeu ao diretor a autoridade para formar um tribunal especial.
O Sudão ocupa a 5ª posição na Lista Mundial da Perseguição da Missão Portas Abertas de 2025, que classifica os 50 países onde os cristãos são mais perseguidos.
As condições no Sudão pioraram à medida que a guerra civil que explodiu em abril de 2023 se intensificou. O país registrou aumentos no número de cristãos mortos e abusados sexualmente, além disso casas e empresas cristãs foram atacadas.
“Cristãos de todas as origens estão presos no caos, incapazes de fugir. Igrejas são bombardeadas, saqueadas e ocupadas pelas partes em guerra”, afirmou o relatório.
A população cristã do Sudão é estimada em 2 milhões de pessoas, o que representa 4,5% do total de mais de 43 milhões de habitantes.
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