Enquanto o Rio Grande do Sul enfrenta a maior enchente de sua história, voluntários civis têm se tornado verdadeiros herois ao fazerem a diferença nos resgates de moradores.
É o caso de Juarez e seu filho Dionatan. Os cristãos, membros da Igreja Adventista, salvaram cerca de 300 pessoas com o barco da família, em Novo Hamburgo, na região metropolitana.
Tudo começou quando pai e filho souberam de um pedido de resgate de um casal da igreja, que estavam ilhados no bairro Integração, na sexta-feira (3).
Eles se ofereceram para ajudar. Ao chegarem ao local de barco, eles se depararam com um cenário mais grave do que imaginaram. Diversas pessoas estavam presas nas casas inundadas, aguardando serem socorridas.
Maratona de resgates
Juarez e Dionatan levaram o casal a um local seguro e logo voltaram para salvar outras vítimas. Eles iniciaram uma maratona de resgates, navegando pela água durante horas sem parar.
"Tinha muita gente empenhada em ajudar, graças a Deus. É impressionante o que o pessoal viveu ali. Pessoas sendo salvas dentro da água, nadando, porque já não tinham para onde ir", contou Juarez.
Durante três dias consecutivos, pai e filhos salvaram centenas de animais de estimação e pessoas, incluindo um cadeirante.
"Quando olhamos para o lado, havia tábuas de madeira ideais para retirar a pessoa em segurança. Meu pai fala que é a direção de Deus encaminhando as coisas para se encaixarem", comentou Dionatan.
Enfrentando as dificuldades das inundações, os cristãos resgataram cerca de 100 pessoas no bairro Integração e 200 pessoas no bairro Santo Afonso, em Novo Hamburgo.
Dionatan relatou que havia outros civis ajudando nos resgates. "Haviam pessoas que estavam desde sexta-feira até domingo resgatando. Elas diziam que estavam exaustas, mas não conseguiam parar, pois cada vez que voltavam e diziam que era a última vez que iriam buscar gente, eles se lembravam de que aquelas pessoas contavam com elas e que haviam prometido voltar", disse ele.
Enchentes no RS
Segundo o último boletim da Defesa Civil divulgado nesta terça-feira (7), 90 pessoas morreram, 361 ficaram feridas e 132 moradores ainda estão desaparecidos, pelas enchentes no estado.
Mais de 200 mil estão desabrigados em 388 cidades atingidas. No total, 844 mil pessoas foram afetadas pelas fortes chuvas.
O governo do Rio Grande do Sul decretou estado de calamidade pública, após as fortes chuvas provocaram enchentes, deslizamentos, rompimentos de barragens e destruição em grande parte do estado.