Um pastor foi condenado à pena de morte, após ser acusado falsamente de “blasfêmia” há 10 anos, no Paquistão. Zafar Bhatti, de 58 anos, está preso desde 2012 e já tinha sido condenado à prisão perpétua, mesmo sem o tribunal ter provas concretas do suposto crime contra o islã.
Em 2012, o líder foi acusado de enviar mensagens de texto com blasfêmias contra Maomé de seu telefone, mas Zafar sempre negou as acusações.
Em outubro de 2021, o seu caso foi enviado novamente a um tribunal de primeira instância pelo juiz Abdul Aziz, que declarou que o pastor deveria ter sido condenado à pena de morte e não à prisão perpétua. Zafar foi condenado à morte pelo tribunal de Rawalpindi e desde então está sob forte segurança.
O Centro de Assistência e Assentamento Legal (CLAAS-PK), uma ONG cristã que tem defendido Batti desde o início, pediu a libertação do cristão por razões de saúde, mas a solicitação foi negada pela Justiça. O pastor é diabético e sofreu uma parada cardíaca na prisão, em outubro do ano passado. A organização alertou da piora na saúde de Zafar.
Nasir Saeed, diretor do CLAAS-PK, afirmou que o pastor é uma vítima das leis de blasfêmia do Paquistão. "Desde a promulgação da lei da blasfêmia no país, a lei é opressiva e frequentemente mal utilizada. As disposições têm sido usadas como ferramentas de vingança em conflitos pessoais, para atingir as minorias religiosas e para oprimir oponentes políticos ou vozes críticas”, revelou Nasir.
“A situação continua a piorar e as minorias vivem sob constante ameaça, visto que o governo falhou em proteger as minorias religiosas nos últimos anos, exacerbando as divisões religiosas existentes e criando assim um clima de intolerância religiosa, violência e discriminação contra grupos minoritários vulneráveis no país, incluindo ahmadis, hindus e cristãos”, concluiu.
Histórico
Pastor Bhatti, que está na cadeia central de Adiala desde 2012, foi condenado à prisão perpétua por causa de acusações falsas de ter enviado mensagens de texto "blasfemas" de seu telefone celular.
O grupo de advocacia legal CLAAS, baseado no Reino Unido e administrado por cristãos do Paquistão, afirmou na semana passada que o tribunal ignorou a falta de provas no caso e manteve a condenação.
"Os juízes do tribunal inferior sempre hesitam em tomar decisões sobre o mérito ou pessoas livres acusadas de blasfêmia. Em vez disso, transferem seu fardo para o tribunal superior, sem perceber como sua decisão terá impacto sobre o acusado e suas famílias", disse Nasir Saeed, diretor do CLAAS-UK, em comunicado.
Os grupos de vigilância sobre a perseguição religiosa, incluindo a Missão Internacional Portas Abertas, alertaram há muito tempo que as 'leis de blasfêmia' no Paquistão estão sendo usadas para atacar minorias, como os cristãos e para resolver desavenças pessoais.
A 'BPCA' notou que Bhatti enfrentou uma série de atentados contra sua vida na prisão, incluindo envenenamento no dia 31 de março de 2013, o que o deixou em estado crítico, com sangramentos pelo nariz e pela boca.
"Zafar Bhatti está preso há quase cinco anos por um crime que ele aparentemente não cometeu. Ele está sendo condenado por uma mensagem de texto em um telefone que não era dele em um crime que para todos os efeitos foi forjado para tirá-lo de seu ministério pastoral", disse o presidente da BPCA, Wilson Chowdhry.