Pastor é diariamente torturado e ameaçado de morte em prisão, no Paquistão

O pastor Zafar Bhatti foi condenado à prisão perpétua no Paquistão, mesmo sem o tribunal ter provas do 'crime de blasfêmia' contra o Islã que ele teria cometido.

Fonte: Guiame, com informações do Christian PostAtualizado: terça-feira, 9 de maio de 2017 às 13:51
Prisioneiro algemado em cela de penitenciária, no Paquistão. (Foto: AFP)
Prisioneiro algemado em cela de penitenciária, no Paquistão. (Foto: AFP)

A esposa de Zafar Bhatti - um pastor do Paquistão, que na semana passada foi sentenciado à prisão perpétua sob as controversas 'leis de blasfêmia do país' - diz que seu marido está sendo torturado todos os dias.

"Já houve inúmeras tentativas de matar o meu marido - ele é intimidado todos os dias e não está a salvo de outros detentos e funcionários da prisão. A cada dia eu me preocupo mais, com medo de receber a notícia de que ele está morto. Essa preocupação está me fazendo envelhecer muito rapidamente", disse Nawab Bibi, de 65 anos, ao repórter da Associação Cristã Britânica-Paquistanesa (BPCA), Shamim Masih em um artigo publicado na última segunda-feira (8).

"Eu oro por ele todos os dias e quando nos encontramos nós choramos juntos e oramos, buscando a intervenção de Deus. Eu sei que Deus o libertará um dia, mas pediremos que os cristãos em todo o mundo também orem por ele e desafiem seus governos a ajudá-lo", Bibi acrescentou.

Ela insistiu que seu marido é um bom homem e um cristão comprometido, que viu sua igreja crescer apesar de "muitos muçulmanos" conspirarem contra o seu ministério.

"Eu gostaria que nossos perseguidores verificassem que os cristãos não são criaturas malignas, somos seres humanos criados por Deus, o mesmo Deus que os criou, embora eles ainda não saibam disso", disse ela.

A 'BPCA', que está arrecadando dinheiro para ajudar Bibi na luta para libertar seu marido, explicou que os filhos do casal foram forçados a viver com os avós da esposa, já que ela não pode continuar a sustentá-los.

Além disso, suas filhas mais velhas tiveram que se submeter a "casamentos arranjados em idades muito jovens", disse o grupo, a fim de ajudar a família com as despesas.


Histórico
Pastor Bhatti, que está na cadeia central de Adiala desde 2012, foi condenado à prisão perpétua por causa de acusações falsas de ter enviado mensagens de texto "blasfemas" de seu telefone celular.

O grupo de advocacia legal CLAAS, baseado no Reino Unido e administrado por cristãos do Paquistão, afirmou na semana passada que o tribunal ignorou a falta de provas no caso e manteve a condenação.

"Os juízes do tribunal inferior sempre hesitam em tomar decisões sobre o mérito ou pessoas livres acusadas ​​de blasfêmia. Em vez disso, transferem seu fardo para o tribunal superior, sem perceber como sua decisão terá impacto sobre o acusado e suas famílias", disse Nasir Saeed, diretor do CLAAS-UK, em comunicado.

"Bhatti é inocente e será libertado pelo tribunal superior, mas levará muitos anos para que seu caso seja ouvido pela alta corte. Até então, ele e sua família continuarão sofrendo desnecessariamente", acrescentou.

Os grupos de vigilância sobre a perseguição religiosa, incluindo a Missão Internacional Portas Abertas, alertaram há muito tempo que as 'leis de blasfêmia' no Paquistão estão sendo usadas para atacar minorias, como os cristãos e para resolver desavenças pessoais.

A 'BPCA' notou que Bhatti enfrentou uma série de atentados contra sua vida na prisão, incluindo envenenamento no dia 31 de março de 2013, o que o deixou em estado crítico, com sangramentos pelo nariz e pela boca.

"Zafar Bhatti está preso há quase cinco anos por um crime que ele aparentemente não cometeu. Ele está sendo condenado por uma mensagem de texto em um telefone que não era dele em um crime que para todos os efeitos foi forjado para tirá-lo de seu ministério pastoral", disse o presidente da BPCA, Wilson Chowdhry.

 

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