Um pastor e missionário foi brutalmente assassinado por um grupo radical maoísta na Índia, que se irritou com o trabalho evangelístico que o cristão vinha realizando em meio ao aumento da perseguição religiosa em todo o país.
A agência ‘Morning Star News’ relatou que no 10 de julho um grupo maoísta no distrito de Gadchiroli, no estado indiano de Maharashtra, matou Munshi Dev Tado, um cristão convertido de 28 anos e pai de quatro filhos, com 1, 4, 5 e 6 anos de idade.
A esposa de Tado, Jaini Munshi Tado, disse à imprensa local que o marido estava liderando o culto em sua própria casa, quando três homens armados e três mulheres interromperam o momento.
“Eles apertaram a mão dele primeiro, depois o seguraram pela mão e, depois de alguns passos, amarraram as mãos nas costas dele com uma corda”, ela disse. “Eu, meu sogro e cunhado os seguimos, implorando e perguntando por que eles o estavam levando. Eles disseram que só queriam falar com ele e que não precisávamos nos preocupar, porque eles o trariam de volta em breve”.
"Cinco ou sete minutos depois, ouvimos um tiro", disse ela. “Corremos imediatamente na direção que o levaram, apenas para encontrar o corpo do meu marido em uma poça de sangue, e os maoístas fugindo. Chorei amargamente, meu marido se foi”.
Depois de matar o pastor, os maoístas deixaram um bilhete no bolso de Tado, alegando que ele era um “informante da polícia”. No entanto, quando a polícia chegou ao local para investigar a ocorrência, eles disseram que Tado não era um informante para eles e que nem o conheciam.
Histórico
Segundo a agência ‘Asia News’, o pastor e sua família começaram a sofrer perseguições depois de deixarem o movimento naxalita maoísta e abraçar a fé cristã há vários anos. Os moradores ficaram irritados com a conversão da família, atacaram a casa de Tado e ameaçaram matar seus familiares em várias ocasiões.
A tensão aumentou quando o pastor começou a liderar cultos regulares em sua casa e os moradores começaram a se converter, disse o pastor Vijay Kumar Vachami, mentor e associado próximo de Tado.
“Havia apenas três famílias cristãs no passado, mas este ano devido ao trabalho árduo de Tado, o número de famílias aumentou para 18”, disse ele, acrescentando: “Ele era um homem muito simples e um servo muito fiel a Deus. Por favor, peço que orem por sua família, que é deixada para trás”.
Os aldeões enviaram três cartas aos maoístas em momentos diferentes, divulgando informações falsas para instigá-los contra o pastor, disse Vachami, e eles "incomodaram os maoístas a ponto de realmente executarem o horrendo crime".
Em declarações à agência Asia News, Sajan K George, presidente do Conselho Global de Cristãos Indianos, condenou o assassinato "nos termos mais fortes possíveis" e instou a polícia a "levar os assassinos à justiça".
O assassinato de Tado marca o quarto homocídio motivado por intolerância religiosa contra um cristão na Índia, em menos de dois meses.
Contexto
Um novo relatório da Irmandade Evangélica da Índia, com sede em Déli, documentou 135 casos de perseguição que ocorreram em toda a Índia apenas no primeiro semestre de 2020. Os casos documentados incluem linchamento, ostracização da comunidade e esforços conjuntos para interromper o culto e o compartilhamento do evangelho.
Segundo a EFI, muitos casos de perseguição não são relatados devido ao medo entre a comunidade cristã, falta de conhecimento jurídico e a relutância ou recusa da polícia em registrar casos.
Já a agência ‘Persecution Relief’, que acompanha a perseguição e o assédio anticristão na Índia, também relatou 293 casos de perseguição religiosa contra cristãos no primeiro semestre de 2020.
No dia 28 de abril, a Comissão Americana de Liberdade Religiosa Internacional instou o Departamento de Estado dos EUA a adicionar a Índia como um "País de Preocupação Particular" à sua lista de países que se envolvem ou toleram violações flagrantes da liberdade religiosa.
Atualmente, a Índia está classificada em 10º lugar na Lista Mundial da Portas Abertas para 2020 sobre os países com maior índice de perseguição aos cristãos. A Missão observa que a perseguição contra os cristãos piorou desde que Narendra Modi, do Partido Bharatiya Janata, chegou ao poder em 2014.