Índia teve ao menos 135 casos de ataques contra evangélicos no primeiro semestre de 2020

Segundo a Irmandade Evangélica da Índia, a dificuldade para confirmar os casos os leva a acreditar que os números podem ser ainda maiores.

Fonte: Guiame, com informações do Evangelical FocusAtualizado: terça-feira, 14 de julho de 2020 às 14:27
Cristãos se manifestam contra a intolerância religiosa na Índia. (Foto: The CSF)
Cristãos se manifestam contra a intolerância religiosa na Índia. (Foto: The CSF)

O relatório semestral da Comissão de Liberdade Religiosa da Irmandade Evangélica da Índia (EFIRL) confirma que houve 135 casos de ódio e violência contra cristãos protestantes nos primeiros seis meses de 2020.

“O absoluto sentimento de impunidade gerado no aparato administrativo da Índia pelo bloqueio em razão da pandemia do Coronavírus e a consequente ausência de sociedade civil nas ruas e nos tribunais agravaram o ambiente de ódio e violência, direcionados contra os cristãos nos principais estados da Índia e capital”, aponta o relatório.

Segundo a entidade evangélica, “linchamentos, ameaças, ostracização da comunidade e esforços conjuntos para interromper cultos em igrejas e o compartilhamento do Evangelho” são as principais incidentes contra os cristãos na Índia.

Eles também denunciaram que "as vítimas não têm qualquer recurso dos sistemas normais de denúncia à polícia e seu acesso aos tribunais para pedir socorro é severamente restrito".

A EFIRL explica que “o quase colapso da mídia, a incapacidade dos ativistas de irem às aldeias distantes por causa do lockdown e das restrições no transporte, restringiu severamente a coleta precisa de dados sobre a perseguição às minorias religiosas”.

“Especialmente em situações extraordinárias de isolamento social, como no toque de recolher em razão da pandemia da Covid-19, a comunidade cristã questiona o quão seguros eles estão se os muçulmanos são tão brutalmente alvos de fanáticos políticos religiosos [radicais hindus] estruturados em formações aparentemente bem organizadas nas mídias sociais”, sublinha a organização.

"O crime não é registrado ou é subnotificado"

A EFIRL enfatiza que “que o número de casos registrados pela rede EFI e outros grupos cristãos é apenas indicativo e os números reais podem ser muito maiores”.

“Mesmo em tempos normais, a polícia relutava em registrar casos. O crime motivado pela comunidade não é relatado ou é subnotificado. A situação piorou”, acrescentam.

Para a EFIRL, “as razões para a subnotificação são o medo entre a comunidade cristã, a falta de conhecimento jurídico e a relutância / recusa da polícia em registrar casos”.

“A polícia tem sido muito relutante e lenta em registrar casos envolvendo ofensas reconhecíveis, apesar de estar obrigada a fazê-lo sob o Código de Processo Penal. Mesmo nos casos registrados na polícia, a maioria nunca chega ao tribunal ”.

Eles ressaltam que “houve muitas outras indicações do governo e do partido no poder sobre mudanças nas leis e políticas, que irão impactar a comunidade cristã em conjunto com outros grupos marginalizados de várias maneiras”.

A EFIRL “pede especialmente aos governos estaduais de Uttar Pradesh e Tamil Nadu (onde houve maior incidência de crimes de intolerância religiosa), que lidem estritamente com as várias organizações extremistas que operam nesses estados, cuja agenda principal é criar uma atmosfera de medo entre a comunidade cristã e outras minorias religiosas”.

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