De acordo com as últimas “Estimativas Globais da Escravidão Moderna”, publicadas pela Organização Internacional do Trabalho (OIT), Organização Internacional para as Migrações (OIM) e o grupo internacional de direitos humanos Walk Free, há cerca de 50 milhões de pessoas vivendo em escravidão moderna.
Essa contagem é referente ao ano de 2021, apontando que há 28 milhões de pessoas submetidas ao trabalho forçado e 22 milhões vivendo em casamentos forçados.
“É chocante que a situação da escravidão moderna não esteja melhorando”, disse o diretor-geral da OIT, Guy Ryder, ao enfatizar que “nada pode justificar a persistência deste abuso fundamental dos direitos humanos”.
Como acontece a escravidão moderna
O trabalho escravo contemporâneo, conhecido como “trabalho forçado” envolve restrições à liberdade do trabalhador, onde ele é obrigado a prestar um serviço, sem receber um pagamento ou receber um valor insuficiente para suas necessidades.
Normalmente, as relações desse tipo de trabalho costumam ser ilegais e acontecem em quase todos os países do mundo, atravessando linhas étnicas, culturais e religiosas.
Relatórios apontam que 86% dos casos de trabalho forçado são encontrados no setor privado, através da “exploração sexual comercial forçada”, representando 23%, sendo que de quase 4 em cada 5 vítimas são mulheres.
O trabalho forçado, imposto pelo Estado, representa 14% — dos quais quase 1 em cada 8 crianças estão envolvidas , ou seja, cerca de 3,3 milhões de crianças.
“Sabemos o que precisa ser feito”
Considerando a necessidade de políticas e regulamentações nacionais eficazes como fundamentais, um alto funcionário da OIT disse: “Sabemos o que precisa ser feito e sabemos o que pode ser feito”.
Porém, ele explica que os governos não podem fazer nada sozinhos e que precisariam de uma base sólida por parte dos padrões internacionais, para que haja uma “abordagem prática” dos problemas.
Ele aponta para os sindicatos, organizações de empregadores, sociedade civil e pessoas comuns como tendo “papéis críticos a desempenhar nisso”.
Vulnerabilidade dos migrantes
Os trabalhadores migrantes possuem 3 vezes mais chances de estar em trabalho forçado do que outros trabalhadores adultos.
Embora a migração laboral tenha um efeito amplamente positivo sobre indivíduos, famílias, comunidades e sociedades, a migração irregular ou mal governada, ou práticas de recrutamento injustas e antiéticas, tornam os migrantes particularmente vulneráveis.
Existe uma solução?
O relatório propõe ações rápidas para acabar com a escravidão moderna, entre elas, melhorar e fazer cumprir as leis e inspeções trabalhistas, acabar com o trabalho forçado imposto pelo Estado e tomar medidas mais fortes para combater o trabalho forçado e o tráfico.
Além disso, quer estender a proteção social aumentando a idade legal do casamento para 18 anos. Outras medidas envolvem abordar o aumento do risco de tráfico e trabalho forçado para trabalhadores migrantes, promover recrutamento justo e ético e maior apoio a mulheres, meninas e indivíduos vulneráveis.
O que a Igreja pode fazer?
Allen, um parceiro da Mission Network News (MNN) conta a história de um menino de 11 anos, chamado Kassar. Ele trabalha numa das 20 mil olarias espalhadas pelo Paquistão e vive com sua família em condições extremamente difíceis.
No trabalho, eles não podem fazer pausas e nem são autorizados a sair. Mesmo trabalhando tanto, eles nunca ganham o suficiente para pagar suas dívidas. São trabalhadores escravos.
De acordo com Allen, um pastor chamado Naveen, plantou várias igrejas nas imediações das olarias e o pai de Kassar ganhou uma Bíblia em áudio junto de um dispositivo MP3.
Agora, mesmo enquanto trabalham juntos sob o sol, pai, mãe e filhos são edificados ao ouvir as Escrituras em seu próprio idioma. Allen observou: “Assim como Deus libertou seu povo da escravidão no Egito, Ele os libertará de toda escravidão quando Jesus voltar”.
“O livro de Êxodo é sobre trabalhadores de olarias e sua libertação. Quando Jesus pegou o rolo da Torá e o leu, Ele mencionou que parte de Seu propósito era libertar os cativos, anunciar o ano do Jubileu. Peça a Deus para libertar escravos em todo o mundo”, concluiu.