Na Nicarágua, pelo menos 50 padres pediram refúgio em países vizinhos, como a Costa Rica e Honduras, devido à intensa perseguição aos religiosos, promovida pela ditadura de Daniel Ortega.
Segundo o bispo dom José Canales, da diocese de Danlí, em Honduras, os sacerdotes nicaraguenses denunciam “situações de injustiça e desrespeito aos direitos humanos em seu país”.
Conforme uma publicação da Aleteia, os clérigos católicos não se sujeitaram à ideologia do regime sandinista que, em represália, os tem perseguido de modo sistemático.
O “sandinismo” é um movimento político nicaraguense que pertence à esquerda ideológica, com tendências socialistas e patrióticas e que visam promover a integração da América Latina. Baseia-se na ideologia do general Augusto César Sandino.
Repercussão mundial
O caso de maior repercussão mundial é o da perseguição ao bispo de Matagalpa, dom Rolando Álvarez que, junto com um grupo de mais sete pessoas, entre sacerdotes, seminaristas e leigos católicos, foi preso pelo regime de Ortega, em 19 de agosto.
A prisão aconteceu após 15 dias de cerco à casa episcopal em que haviam sido mantidos praticamente como reféns, impedidos de sair para fora. O grupo segue até hoje sob detenção, gerando indignação e preocupação internacional.
Além das prisões arbitrárias e das perseguições cotidianas a religiosos mais engajados em atividades, o ditador tem tomado outras medidas, como o fechamento forçado de igrejas.
Cristãos perseguidos e ameaçados
Até mesmo os religiosos que ainda não sofreram agressões físicas relatam a presença constante de policiais nas portas das igrejas para intimidá-los, assim como ligações telefônicas com ameaças que tentam desestabilizá-los e amedrontá-los.
Sobre as solicitações de refúgio apresentadas por sacerdotes da Nicarágua, o bispo hondurenho dom Canales afirma que a sua diocese está disposta a “receber os sacerdotes que em circunstâncias extremas precisam deixar a Nicarágua para que possam ser integrados na vida da Igreja local.
Em agosto, o Guiame publicou uma matéria mostrando que as igrejas na Nicarágua são classificadas como “inimigas do Estado” e como isso tem afetado os cristãos. Embora o conflito entre Igreja e Estado seja antigo no país, ele se intensificou a partir de 2018.
Em maio deste ano, a Assembleia Nacional, que é controlada pelo presidente Daniel Ortega, ameaçou processar os líderes das igrejas e confiscar suas propriedades. O motivo dessa perseguição é porque “eles ajudaram os manifestantes nos protestos de 2018”.
No discurso político, o governo alegou que tais protestos foram uma tentativa de golpe de Estado e que considera a Igreja como cúmplice das manifestações por acolher e ajudar os feridos nas passeatas.
As manifestações foram duramente reprimidas pelos militares e todos que mostraram insatisfação com o governo vivem agora sob intensa perseguição.