Nicarágua fecha mais 1.500 ONGs, muitas delas de igrejas evangélicas

O governo de Daniel Ortega ainda determinou o confisco dos bens das organizações, incluindo imóveis.

Fonte: Guiame, com informações de CBN NewsAtualizado: terça-feira, 20 de agosto de 2024 às 19:12
Igreja na Nicarágua. (Foto: Imagem ilustrativa/Facebook).
Igreja na Nicarágua. (Foto: Imagem ilustrativa/Facebook).

O governo ditatorial da Nicarágua fechou mais 1.500 Organizações Não-governamentais (ONGs), muitas delas de igrejas evangélicas.

O governo de Daniel Ortega ordenou o cancelamento do status legal das organizações, após o Ministério do Interior determinar que as ONGs não haviam cumprido suas obrigações de informar movimentações financeiras, durante períodos que variam de 1 a 35 anos.

As autoridades alegaram que a falta de relatórios financeiros detalhados – com dados sobre receitas, despesas, balanços e detalhes das doações – dificultava o controle e a supervisão da Direção Geral de Registro e Controle do Ministério do Interior.

De acordo com o governo nicaráguo, a não prestação de contas causou incerteza sobre a identidade dos gestores que geriam os recursos e executavam os projetos das ONGs.

O Ministério do Interior da Nicarágua ainda determinou que os bens, incluindo imóveis, das organizações fechadas sejam transferidos para o Estado. 

Entre as ONGs banidas estão: Associação Igreja Casa del Rey, Associação de Igrejas Santidade a Jeová Pentecostal, Associação Evangélica Reverendo Santos Acosta, Asociación Iglesia Cristiana la Roca na Nicarágua, Associação Evangelística Jesus Cristo "A Videira Verdadeira", Associação Cristã "Igrejas Evangélicas Romanos 8:28", Associação do Ministério Apostólico, Visão 20/20, Fundação Vida com Propósito, Associação de Fraternidade de Pastores Evangélicos da Nicarágua, Associação Conselho Internacional de Igrejas Evangélicas o Príncipe da Paz, entre outras.

Desde o início dos protestos populares em 2018, o governo já dissolveu mais de 3.550 ONGs, sendo que várias delas eram evangélicas.

Repressão na Nicarágua

A Nicarágua enfrenta uma crise política, social e de liberdades que se agravou após as polêmicas eleições gerais realizadas em 7 de novembro de 2021, quando Daniel Ortega foi reeleito para um quinto mandato.

Durante os últimos quatro mandatos, a esposa de Ortega, Rosario Murillo, ocupou o cargo de vice-presidente da Nicarágua. No entanto, durante esse período, os principais opositores políticos do casal encontram-se presos ou exilados.

Além de entrar em conflito com a Igreja Católica, o governo fechou inúmeras entidades, apropriando-se de seus bens.

Perseguição aos evangélicos

Os cristãos evangélicos também enfrentam perseguição, tornando-se alvos de repressão e restrições em sua liberdade religiosa.

A organização Portas Abertas, que incluiu a Nicarágua no 30º lugar em sua Lista Mundial de Observação de 2024, destaca que "a hostilidade para com os cristãos na Nicarágua continua a se intensificar, sendo aqueles que se manifestam contra o presidente Ortega e o seu governo vistos como agentes desestabilizadores".

O diretor do ministério Mountain Gateway, John Britton Hancock, é um missionário norte-americano que está sendo procurado pelo regime da Nicarágua.

Em entrevista ao site de notícias latino-americano Evangelico Digital, ele denunciou que "neste momento, há cem pastores presos".

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