Historicamente, as mulheres têm demonstrado uma religiosidade mais acentuada do que os homens, especialmente em contextos onde o Cristianismo é a religião predominante.
Esse padrão é amplamente reconhecido pelos estudiosos como um fenômeno universal. Contudo, pesquisas recentes na Finlândia indicam que os jovens do sexo masculino estão apresentando um maior comprometimento com o Cristianismo em comparação com as meninas.
Kati Tervo-Niemelä, professora de Teologia Prática da University of Eastern Finland, coordenou estudos com jovens em fase de preparação para a confirmação, um rito de passagem no qual os participantes aprofundam seu conhecimento sobre os ensinamentos da fé, como a Bíblia e os fundamentos cristãos. Esse grupo contempla jovens entre os 14 e 15 anos de idade.
A pesquisa mais recente, realizada em 2024 e abrangendo 30% dos jovens em preparação para a confirmação, apresenta resultados surpreendentes.
Desde 2019, estudos têm sido realizados anualmente, mostrando que a fé em Deus entre as meninas permaneceu relativamente estável até 2023. Cerca de 35% das adolescentes que participam da preparação para a confirmação a cada ano afirmam acreditar em Deus.
Paralelamente, a religiosidade dos meninos apresentou um aumento expressivo. Em 2019, eles estavam praticamente no mesmo nível das meninas, com 36% afirmando acreditar em Deus. No entanto, a proporção de meninos que declaram sua crença em Deus cresceu de maneira constante e significativa ano após ano, alcançando 50% em 2023 entre aqueles em preparação para a confirmação.
Meninas também estão se interessando pelo Cristianismo
Entretanto, os dados de 2024 na Finlândia apontam para uma nova exceção. Eles indicam que 62% dos meninos que participaram da escola de confirmação declararam acreditar em Deus, enquanto a proporção de meninas que compartilham essa crença também apresentou um aumento.
Em 2024, 50% das meninas que participaram da Confirmação declararam acreditar em Deus, representando um aumento de 13 pontos percentuais em comparação ao ano anterior. Isso sugere que as meninas também estão demonstrando um crescente interesse pelo Cristianismo, embora com alguns anos de atraso em relação aos meninos.
De acordo com a Professora Tervo-Niemelä, essa mudança não pode ser atribuída apenas ao fato de que jovens sem religiosidade estão deixando de participar da preparação para a confirmação. Isso porque a popularidade das escolas de confirmação se manteve relativamente alta, enquanto o número de pessoas que se identificam como crentes cresceu de forma expressiva.
Kati Tervo-Niemelä revelou novas descobertas de suas pesquisas durante uma conferência teológica realizada no Instituto Bíblico Finlandês no início de janeiro de 2025.
Jovens nas cidades são mais religiosos do que nas áreas rurais
Estudos recentes na Finlândia indicam que os jovens das áreas urbanas têm demonstrado maior religiosidade em comparação com seus colegas das zonas rurais. Historicamente, ocorria o contrário: a religiosidade era mais acentuada nas áreas rurais do que nas cidades.
Conforme estudos recentes com jovens em preparação para a confirmação, aqueles que vivem em áreas urbanas demonstram maior propensão a acreditar em Deus e na ressurreição de Jesus em comparação com os jovens das zonas rurais.
O que chama a atenção é que o maior número de pessoas que não acreditam em nada está concentrado nas áreas rurais. Uma possível explicação para isso é que as áreas rurais tendem a ser mais homogêneas em termos de população e religião, enquanto as cidades, com sua maior diversidade, abrigam uma variedade de crenças.
“Nas áreas rurais, pode ser mais fácil não pensar sobre isso. Sentir que a religião não é relevante para mim”, diz Henrietta Grönlund, Professora de Teologia Urbana da Universidade de Helsinque, em entrevista à revista Uusi Tie.
Outra possível explicação é que a religiosidade nas áreas rurais pode ser vista como desagradável, especialmente pelos jovens. Em pequenas cidades, por exemplo, alguns podem perceber as normas religiosas como mais restritivas em comparação às cidades maiores.
“Todos também parecem saber da sua vida, como com quem você está namorando ou se vai à igreja no domingo. Nas cidades, muitas vezes você pode viver de forma mais anônima”, diz Grönlund.
Diversidade nas cidades levanta questões religiosas
As grandes cidades concentram as maiores proporções de imigrantes, muitos dos quais vêm de contextos culturais onde expressar a fé de forma aberta é uma prática comum.
“Quando há muitas opções disponíveis, isso pode despertar interesse”, afirma a Professora Grönlund.
Ela observa que falar sobre fé de maneira natural contribui para torná-la um tema mais cotidiano. Essa abertura em relação à fé incentiva as pessoas a refletirem e a formarem suas próprias perspectivas sobre religião, seu papel em suas identidades ou se ela faz parte delas.