Um cristão copta, pai de dois filhos que estava em uma "lista de morte" e que estava sendo procurado há dias por militantes do Estado Islâmico se recusou a renunciar sua fé em Cristo quando lhe foi dada uma chance de "salvar" a si mesmo antes de ser executado. O relato é de sua esposa.
O jornal britânico The Sunday Times conta que a viúva do copta Bahgat Zakhar, de 58 anos, um dos oito cristãos mortos na cidade costeira de Al Arish em apenas três semanas, detalhou o momento em que seu marido foi massacrado.
Zakhar, que era cirurgião veterinário, teria sido incluído em uma "lista de morte" do grupo extremista, publicada on-line. Conforme relatado, os muçulmanos postaram anonimamente a lista que apresenta igrejas e cristãos proeminentes em todo o Egito como alvo.
Depois de dias tentando localizar Zakhar, dois militantes armados finalmente o encurralaram. A viúva de Zakhar, Fawzia, disse em entrevista ao Times que uma testemunha que viu tudo explicou que quando os militantes chegaram, Zakhar tentou apertar as mãos dos invasores. Rapidamente o forçaram a subir a um terraço de concreto, obrigaram ele a ficar de joelhos e exigiram que ele se convertesse ao islamismo.
"Arrepende-se, infiel, converta-se e seja salvo", lembrou a testemunha. Segundo ela, Zakhar simplesmente balançou a cabeça recusando a proposta. Os militantes então responderam fatalmente atirando nele e deixando-o morto no chão. "Eles nem sequer correram", disse Fawzia Zakhar.
Cenário comum
Muito parecido com as centenas de famílias cristãs que fugiram de suas casas na região do norte do Sinai, nos últimos meses devido ao aumento da perseguição nas mãos dos extremistas radicais, não foi diferente com a família de Zakhar.
Fawzia Zakhar disse ao The Times que ela e seus filhos fugiram para outra cidade. Famílias cristãs que fugiram de Al Arish disseram aos ativistas de direitos humanos que as forças de segurança egípcias mostram um nível de apatia quando se trata de proteger os cristãos e outros na região do Sinai.
Em fevereiro, o copta Anba Angaelos emitiu uma declaração condenando o terror contra os cristãos e outros no Sinai e acrescentou que até 40 cristãos haviam sido mortos nos três meses anteriores. Em dezembro de 2016, 29 pessoas foram mortas e 47 feridas por um bombardeio em uma igreja cristã no Cairo, reivindicado pelo Estado Islâmico.
Em março, uma viúva cristã de 65 anos de idade, do Sinai, disse ao World Watch Monitor sobre como ela testemunhou que os terroristas do EI mataram seu filho e seu marido. Depois que eles terminaram de matar seus entes queridos, ela explicou que os militantes pediram-lhe para identificar os homens que haviam matado.
O Egito atualmente classifica-se como a 21ª pior nação do mundo quando se trata da perseguição aos cristãos, de acordo com a lista do Ministério Portas Abertas, atualizada em 2017.