Geoffrey Rallings, um evangelista desaparecido há 26 anos na Tasmânia, Austrália, se tornou um mistério não desvendado que agora está chamando a atenção, depois que um jornalista criminal decidiu investigar o caso.
Rallings nunca mais foi visto desde alguns dias após o Natal de 1995. Nas últimas duas décadas, a polícia, mídia e familiares não conseguiram descobrir o que aconteceu com o homem. Sem nenhum vestígio de seu paradeiro, o desaparecimento do cristão se transformou em uma incógnita.
O evangelista era um homem baixo com uma barba espessa e que tinha um amor profundo pela Palavra de Deus. Geoffrey costumava ir ao shopping e convidar as pessoas para estudar as Escrituras. Depois, ele alugava uma sala de estudo para ministrar seus estudos bíblicos.
Foi dessa forma que o cristão levou muitas pessoas a Jesus. Uma delas foi o autor Erik Peacock que comentou sobre o trabalho evangelístico de Geoffrey e seu misterioso desaparecimento.
“Só Deus sabe quantas pessoas ele converteu. Eu realmente não acredito nessas coisas, mas em momentos estranhos eu me pergunto se Deus o levou”, escreveu Erik, em seu livro de memórias.
Amber Wilson, o jornalista criminal que desenterrou o caso e o apresentou em seu podcast, afirmou que há um grande número de pessoas desaparecidas na Tasmânia, o remoto estado insular da Austrália, localizado a mais de 240 quilômetros ao sul do continente.
“A Tasmânia tornou-se conhecida tanto por seus segredos quanto por sua beleza. Das 169 pessoas que desapareceram na ilha desde meados do século 20, dezenas delas entraram no deserto da Tasmânia – para nunca mais serem vistas”, relatou Wilson.
Vida familiar e missionária na Tasmânia
O jornalista investigou a história do evangelista Geoffrey Rallings. Segundo Amber, Geoffrey se mudou da Inglaterra para a Tasmânia em 1960, com o propósito de ele e a esposa poderem educar seus filhos em casa. O evangelista e a família moravam em uma área rural da Tasmânia. Ele se dedicava à criação dos filhos, estudar a Bíblia e cultivar vegetais.
Durante um período, Rallings foi membro da Igreja Adventista do Sétimo Dia, mas saiu da denominação por acreditar que os adventistas focavam muito nos ensinamentos de sua fundadora, Ellen White, ao invés da própria Bíblia.
Então, Geoffrey se tornou batista e, em meados dos anos 1980, escreveu vários panfletos evangelísticos, de 20 a 40 páginas, explicando o plano de salvação.
Ocasionalmente, o cristão sentia a necessidade de ir evangelizar em Hobart, capital da Tasmânia. Ele pegava seu acordeão e ia de carona para a cidade. Lá, ele tocava em shoppings, arrecadando dinheiro e reunindo uma multidão com sua música.
A apresentação de acordeão era uma estratégia evangelística para atrair pessoas e ensinar a Palavra. Com o dinheiro que conseguia pelo show, Geoffrey alugava uma sala de estudo e discipulava seu público.
De acordo com o jornalista Amber, o evangelista nunca chegou a abrir sua própria igreja. Os recém convertidos que ele ganhava para Cristo iam para igrejas tradicionais. Para Amber, Geoffrey era “um pouco dogmático e um pouco louco”, mas muitas vidas foram transformadas graças aos seus estudos bíblicos esporádicos.
Desaparecimento sem vestígios
Geoffrey Rallings, com então 65 anos, estava evangelizando quando desapareceu, em 1995. A Polícia Federal da Austrália listou Rallings como uma pessoa desaparecida.
“Não havia nada malicioso sobre o homem”, disse um vizinho ao jornalista cirminal. “Ele só queria espalhar a palavra religiosa, sem prejudicar ninguém. Mas tenho uma sensação terrível de que pode haver um jogo sujo aqui”.
As autoridades da Tasmânia traçaram várias hipóteses para o desaparecimento do evangelista, mas nenhuma foi comprovada até hoje. Inicialmente, a polícia suspeitou que Rallings tivesse sido vítima de atropelamento, enquanto pedia carona na estrada.
O homem poderia ter sido atropelado por um motorista embriagado e deixado ferido, sem ninguém para lhe socorrer. Mas, depois de várias semanas, nenhum corpo foi encontrado e essa hipótese foi descartada.
Depois, a polícia investigou dois suspeitos de assassinar Geoffrey e o jornalista Amber encontrou um homem que disse acreditar que o evangelista pode estar enterrado em sua propriedade. A investigação não teve nenhum desfecho e não foi encontrado nenhum osso humano no terreno.
Outra possibilidade é que Geoffrey estivesse sofrendo de demência e, voltando para casa de mais um evangelismo na cidade, acabou vagando confuso pelo deserto.
Em entrevista ao podcast de Amber, a filha do evangelista, Irene, disse que gostaria de saber o que aconteceu com seu pai. “Vou ver papai de novo. Mas o ponto é que você pensa no fato de que há ossos em algum lugar. Eu só quero saber onde ele está”, declarou.