Afinal de contas, existe uma evidência do batismo com o Espírito Santo? O editor do blog Teologia Pentecostal, Gutierres Fernandes, que também é escritor de quatro livros, entre eles o “Revestidos de Poder”, fala sobre o tema em entrevista ao JesusCopy.
Ele começa indicando algumas evidências encontradas no Antigo Testamento, através do termo “cheio do Espírito Santo” e cita uma narrativa de Números 11. “Os setenta anciãos recebem o Espírito que estava sobre Moisés e o texto é muito claro ao dizer que ‘quando o Espírito os enche’ eles começam a profetizar [vers. 25]”, explicou.
Gutierres também menciona o que ocorreu com Saul, no capítulo 10, do livro de 1 Samuel. “Ele também recebeu o Espírito Santo e, diz o texto, que ele começa a ‘profetizar’. Muitos hebraístas entendem que o verbo seria o equivalente a ‘falar em línguas’ porque o texto não diz o conteúdo desta profecia e nem que foi uma mensagem”, continuou.
Experiência de êxtase
Conforme Gutierrez, que é professor de Escola Dominical na Igreja Evangélica Assembleia de Deus, Ministério Belém, em São Paulo, o verbo “profetizar” dentro dos contextos citados remete a “uma experiência de êxtase”.
“Eles receberam o Espírito Santo e tiveram um movimento ‘inclusive corporal’ que fez com que as pessoas olhassem e reconhecessem que ‘estavam cheios do Espírito de Deus’. Era uma manifestação audível e visual”, especificou.
O professor menciona ainda Eldade e Medade [Nm 11.27] e as profecias de Joel, no capítulo 2. “Ele disse que, no futuro, o Espírito seria derramado sobre toda carne. O texto diz ‘vossos filhos e filhas profetizarão’. Também fala de visões e sonhos, mas a profecia está ali em primeiro lugar”, lembrou.
Espírito Santo no Novo Testamento
Ao citar o encontro entre Isabel e Maria, as duas grávidas (Lc 1], Gutierrez enfatiza que Isabel também teve uma experiência de êxtase, pois recebeu o Espírito Santo e profetizou ao dizer “Bendita é você entre as mulheres, e bendito é o filho que você dará à luz! [Lc.1.42].
“O anjo havia dito a Zacarias [marido de Isabel] que aquela criança [João Batista] seria cheia do Espírito, desde o ventre. E quando Zacarias voltou a falar, ele também foi cheio do Espírito e profetizou”, relacionou.
“Nós percebemos esse padrão no Antigo Testamento e na Teologia Pentecostal entendemos que Lucas reproduziu no livro de Atos o padrão que já existia, mas a ênfase é a glossolalia [capacidade de falar em línguas desconhecidas] e não a profecia”, esclareceu.
Profecia, glossolalia e missão
Conforme Gutierrez, a diferença entre o Velho e o Novo Testamento, quando tratam do aspecto de “ser cheio do Espírito Santo” é que no Velho a pessoa é cheia e começa a profetizar em sua própria língua. Enquanto que, no Novo, a pessoa é cheia e começa a falar uma língua estranha.
“É um conteúdo de fala que não é da pessoa, mas recebida do Senhor. E existe um padrão bíblico, ligando o Espírito Santo a um ‘enchimento missionário’ para uma missão específica. Os setenta anciãos tinham uma missão, Isabel tinha uma missão, Zacarias e João Batista tinham uma missão e a Igreja também tem uma missão”, considerou.
Portanto, para que essa missão seja cumprida é necessário a capacitação por parte do Espírito Santo em cada pessoa, daí o “enchimento de Espírito”, ele justificou.
“O Espírito Santo dá um sinal de fala — essa é a lógica do ‘falar em línguas’. E em Atos 1.8 diz: Mas receberão poder quando o Espírito Santo descer sobre vocês, e serão minhas testemunhas. Então, o objetivo desse enchimento é ser testemunha”, resumiu.
“O falar em línguas é um sinal desse enchimento”
“O que uma testemunha faz? Fala! Esse sinal de fala aponta o propósito desse batismo. Existem pontos que serão sempre discutidos — por exemplo, se o ‘falar’ deve ocorrer em todos os casos — mas do ponto de vista bíblico, há uma lógica e, do Antigo ao Novo Testamento isso vai sendo trabalhado”, disse.
“Eu acredito, sim, que o ‘falar em línguas’ é um sinal desse enchimento, mas talvez não ocorra com todo mundo. Toda regra tem exceção. Talvez alguém experimente esse enchimento para o testemunho e não tenha a experiência do falar, mas eu diria que é o esperado, pois é um padrão que a gente enxerga no texto bíblico”, concluiu.
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