“Foi o ano mais difícil do meu ministério”, diz pastor russo após 1 ano de guerra

O líder cristão Evgeny Bakhmutsky relatou como enfrentou os desafios da guerra na Rússia e testemunhou o agir de Deus em sua congregação.

Fonte: Guiame, com informações do The Gospel CoalitionAtualizado: sexta-feira, 24 de fevereiro de 2023 às 18:24
Pastor Evgeny. (Foto: Reprodução/ The Gospel Coalition/Evgeny Bakhmutsky)
Pastor Evgeny. (Foto: Reprodução/ The Gospel Coalition/Evgeny Bakhmutsky)

Após um ano do início da guerra entre Rússia e Ucrânia, o pastor russo Evgeny Bakhmutsky conta como foi para ele e sua congregação lidarem com o clima do país durante o conflito. 

Nos últimos 12 meses, o pastor informou que “foi o ano mais difícil de seu ministério”. Além de sofrer com a ansiedade e a ajuda aos refugiados, precisou enfrentar a pressão da sociedade dentro e fora da Rússia, problemas financeiros e a tensão de sua igreja, pois todos os membros foram afetados de alguma forma pela guerra.

Em uma entrevista ao site cristão The Gospel Coalition (TGC), o pastor disse que não conseguia dormir na primeira semana depois que a Rússia iniciou “operações militares especiais” na Ucrânia.

“Na primeira semana, eu chorava todos os dias em minhas orações. Eu vi tantas pessoas sofrendo e confusas. Eu me perguntei o que iria acontecer. Foi realmente difícil”, disse ele.

De acordo com o TGC, os evangélicos da Rússia e Ucrânia eram muito próximos. Os líderes da igreja ucraniana e russa realizaram conferências juntos, trocaram púlpitos e compartilharam recursos teológicos. Porém, após a invasão, não há mais comunhão.

Apesar da situação caótica da população, o pastor pode “ver claramente a mão de Deus” gerar novas oportunidades e ministérios para fazer com que as pessoas conheçam Jesus.

“As pessoas estão muito mais abertas para falar sobre coisas espirituais. Os próprios cristãos são muito mais ativos na evangelização, sentindo que é a única coisa que importa. Vejo muitas igrejas indo muito bem, mesmo enfrentando dificuldades eles estão encorajados”, disse o pastor.

Ajuda aos refugiados 


Refugiados na casa do pastor Evgeny. (Foto: Reprodução/ The Gospel Coalition/Evgeny Bakhmutsky)

Cerca de 3 milhões de ucranianos cruzaram a fronteira para a Rússia. Evgeny mora próximo a uma estação ferroviária em Moscou, o que facilita as conexões e é pastor de uma das maiores igrejas da região, a Igreja Bíblica Russa. Eles se juntaram a outras congregações evangélicas na fronteira russo-ucraniana também em 2014, quando a Rússia invadiu a Crimeia.

Com os cortes das transações financeiras estrangeiras para os bancos da Rússia, se tornou impossível fornecer ajuda monetária direta, contudo os membros da Igreja Bíblica Russa continuaram a ajudar centenas de refugiados ucranianos a encontrar um lugar na Rússia, e outros a fugir para países como Polônia, Alemanha, Sérvia e Turquia. 

Encontro de pastores durante o alistamento

No período em que o presidente Vladimir Putin anunciou a convocação de reservistas militares, a igreja de Evgeny havia marcado uma conferência anual de pastores, que casou com a data da convocação. 

“Pude ver claramente a mão de Deus, muitos homens vieram e tivemos uma comunhão incrível. Oramos pela Ucrânia e oramos uns pelos outros. Fortalecemos o coração e as mãos uns dos outros. Mais de 500 pastores de diferentes partes da Rússia voltaram para casa com encorajamento e uma mensagem clara para continuar o ministério do evangelho apesar de tudo”, afirmou o pastor.


Encontro anual de pastores. (Foto: Reprodução/ The Gospel Coalition/Evgeny Bakhmutsky)

O fortalecimento espiritual também alcançou as mulheres que através do aplicativo Zoom, puderam participar de reuniões para incentivá-las e ajudá-las.

O pastor contou que há muitos questionamentos sobre o porquê dele não ter saído de Moscou e ele respondeu dizendo:

“Existe uma escuridão espiritual. Precisamos estar aqui. Eu disse à minha congregação: 'Não vou deixar vocês. Se você se mudar, eu serei o último a ir embora'”.

“Não é fácil ficar, nosso orçamento familiar caiu 50%”, acrescentou o pastor explicando que é difícil para sua congregação conseguir medicações vindas dos Estados Unidos, e plataformas como Zoom ou Microsoft Office não aceitarão mais o cartão de crédito russo.

“Estamos desconectados de tantas coisas normais”, disse ele.

Ameaças sofridas

“Recebo comentários de ódio todos os dias”, contou o pastor.

Cristãos ucranianos o cobram, pois eles acham que Evgeny deveria fazer mais para condenar publicamente as ações da Rússia.  

“Mas eu não condeno as pessoas por isso. Minha oração é por eles. E peço a Deus que me permitam chorar com eles. Eu os amo. E tenho compaixão deles de todo o meu coração”, declarou ele.

O governo russo também está ouvindo suas palavras, o que pode ser um risco de prisão para o líder. 

“Quando pregamos a Cristo, não estamos fugindo ou negando a realidade. Estamos trazendo Cristo à realidade. O evangelho dará esperança, fortalecerá os corações e trará o verdadeiro arrependimento”.

Crescimento da igreja


Batismo de novos membros. (Foto: Reprodução/ The Gospel Coalition/Evgeny Bakhmutsky)

O pastor e sua congregação continuam mantendo seu alvo em Jesus, o resultado disso é o avanço da igreja que reafirmou sua fé.

“Nossos cultos na igreja nunca foram tão alegres e tão cheios. Fazemos mais batismos do que costumávamos fazer.  Muitos rapazes estão chegando à fé porque entendem que podem morrer. Não há estabilidade”, disse Evgeny.

“Vejo o poder do Evangelho muito mais do que antes”, concluiu o pastor.

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