Brad Sickler, professor de filosofia e diretor do programa de Master of Arts em estudos teológicos da University of Northwestern, observou como alguns pesquisadores tentaram usar a neurociência para explicar experiências religiosas.
“Alguns tentam associar experiências que parecem ao sujeito um encontro com um ser divino ou sobrenatural através da manipulação do cérebro, por meios físicos ou químicos”, escreveu Sickler em um artigo intitulado “Deus está totalmente no cérebro?”, publicado pelo site de teologia DesiringGod.
O experimento chamado “Capacete de Deus”
Trata-se de um capacete de snowmobile que foi equipado com solenóides [tipo de eletromagneto que gera um campo magnético através de correntes elétricas], que é colocado sobre a cabeça da pessoa para expor o cérebro a campos magnéticos de baixo nível.
Robert Persinger, autor do experimento “Capacete de Deus”, observou que as sensações das pessoas são semelhantes a encontros com pessoas divinas relatadas nas tradições religiosas.
Persinger é neurocientista da Laurentian University em Ontário, Canadá e conduziu experimentos na década de 1980 com o objetivo de estimular experiências espirituais no cérebro usando campos magnéticos.
“É amplamente aceito que não existe um “ponto de Deus” no cérebro, mas há consenso entre alguns neurocientistas céticos de que deve haver algo no cérebro que explica a religiosidade. Eles dizem que Deus está todo no cérebro”, explicou Sickler.
“Experiências não podem ser fabricadas”
Sickler enfatizou que esse tipo de experimento não deve trazer preocupação entre os cristãos e disse que há contrastes óbvios entre o experimento de Persinger e as experiências registradas nas Escrituras.
Ele esclarece que nada produzido sob condições controladas se assemelha às experiências relatadas na Bíblia. “Esse tipo de experiência com Deus não pode ser fabricada”, escreveu e depois disse que os estudos da neurociência de experiências religiosas lançam pouca ou nenhuma luz sobre a realidade espiritual.
Em 2004, Pehr Granqvist da Universidade de Uppsala liderou um grupo de pesquisadores suecos que trabalhavam em uma versão do estudo Persinger, na qual nem os experimentadores nem os participantes sabiam quem estava recebendo os campos magnéticos em seus capacetes.
Como resultado, de acordo com um relatório da Nature, os pesquisadores suecos não encontraram nenhuma conexão entre os campos magnéticos e as experiências religiosas, parecendo refutar Persinger. Em sua defesa, Persinger disse à Nature, quando contestou os resultados do estudo sueco, que eles não conseguiram reproduzir adequadamente sua pesquisa.