Desde o início, o ministério de Heidi Baker tem sido movido pelo amor a Deus e àqueles que estão “perdidos”, seja em aldeias remotas ou grandes metrópoles. Em todos os contextos, sua grande missão é levar a revelação do amor de Jesus Cristo.
“Todas as pessoas que não conhecem a Jesus são órfãs espirituais — ricos, pobres, pessoas que moram no lixão e que moram no palácio. Quando Deus abre nossos olhos e conseguimos ver a Ele, podemos enxergar o clamor dos órfãos naturais e espirituais. Deus quer curar os olhos e os ouvidos da Igreja”, disse Heidi em entrevista ao Guiame, durante a primeira conferência do Iris Global no Brasil.
O chamado missionário sempre tomou o coração de Heidi. Junto com seu marido, Rolland Baker, fundou a organização Iris Global em 1980 e passou a fazer viagens missionárias para a Ásia. O foco do ministério era atuar no evangelismo criativo, especialmente através do teatro. Até que, em 1995, o Iris mudou sua direção e passou a trabalhar com crianças e comunidades carentes na África.
Para a missionária, o Iris não é simplesmente um projeto, mas sim uma família. Esse foi o sentimento que ela teve quando passou oito anos de sua vida pregando o Evangelho em um lixão na África.
“Quando você fica no lugar de Deus, você fica feliz. Nós todos precisamos chamar pessoas para viver dentro do coração de Jesus. Eu trabalhei oito anos no lixão, foi uma alegria imensa. Eu não queria sair de lá, eu dizia: ‘Agora eu estou no céu com Jesus’. Eu não conseguia cheirar o lixo, eu só me sentia no céu com Jesus. Porque as pessoas são bonitas, nós somos uma família. Nós comíamos lá. Eu não pensava que eram pessoas pobres, eram pessoas que me mostravam como ter fome, como ter amor, como compartilhar”, afirmou.
Heidi disse que o Iris tem um “coração voltado aos mais pobres”, mas ressalta que pessoas de todos os níveis sociais precisam do Evangelho. “Nós queremos chegar nos lugares de escuridão, locais que não têm recursos, que as pessoas não têm esperança. São eles que ensinam a nós. Eu recebo muito mais do que eu dou”, observou.
Milagres que transformam
Em sua trajetória, os missionários do Iris testemunharam inúmeros milagres. Para Heidi, o milagre mais marcante é a conversão de pessoas que nunca ouviram o nome de Jesus antes. Outro tipo de milagre é a cura de surdos e cegos, que acontece com grande frequência em Moçambique.
“A cada semana pessoas voltam a ver. Eu vi muitas vezes, não consigo mais contar. Para mim é muito lindo, Deus tem aberto os ouvidos de pessoas”, disse a missionária. “É um milagre que ninguém pode negar. Quando Deus abre ouvidos, todos dizem: vamos seguir a Jesus, Deus é real. Por causa desse milagre, Deus abre os ouvidos de uma aldeia inteira”.
Por que as igrejas ocidentais, como a brasileira, não tem tantas manifestações de milagres como acontece na África? A resposta de Heidi está em Mateus 5:3: “Bem-aventurados os pobres de espírito, porque deles é o Reino dos céus”.
Heidi Baker durante pregação na Igreja da Cidade, em São José dos Campos, no interior de São Paulo. (Foto: Guiame/Marcos Paulo Correa)
“Nós precisamos mais, precisamos seguir a Deus como crianças, como pobres que precisam comer. Na África não há muitos hospitais e Deus é misericordioso. As pessoas não têm outra maneira de serem curadas. Em outros países, as pessoas querem a cura divina, mas quando Deus não cura, procuram um hospital”, declarou a missionária.
“Deus pode usar os médicos; nós também temos clínicas em muitos países. Mas lá na África as pessoas não tem outra maneira — se Deus não curar, elas morrem. Custa pouco para comprar um remédio para tratar a malária, mas no campo muita gente morre por causa de malária”, acrescentou. “Deus faz da maneira Dele. Quando Ele quer usar médicos, Ele vai usar”.
Em outros países, Heidi observou que as pessoas não oram por cura por medo do milagre não se realizar. “Vocês que têm medo: vamos parar cada dia por alguém; abraçar, amar. A pessoa vai receber esse amor. Jesus é Deus que cura, não somos nós — somos apenas pessoas que Ele pode usar. Às vezes cegos só querem receber oração para ter um coração maior. Já vi muitos cegos voltando a ver, mas em nossa igreja há três cegos que ainda não foram curados, só que o coração deles foi cheio de amor”.
Fora das paredes
Heidi incentiva os cristãos, dentro de suas próprias realidades, a manifestar amor aos perdidos. “Às vezes nós pensamos em ficar dentro e fazer nossos programas — e são programas bonitos — mas nós precisamos ter os olhos abertos para ver o sofrimento neste mundo. E nós que amamos a Deus temos que sair. É muito simples, eu não tenho uma mensagem complicada. É tudo por causa Dele. Ele abriu meus ouvidos e meus olhos, e eu vou parar por cada pessoa e amar”, disse ela.
“Você não vai alcançar 5 ou 10 mil pessoas em um dia, você não vai pregar em um estádio, mas não tem problema. Cada um tem um chamado. É só obedecer, amar a Deus e amar ao próximo”, acrescentou.
Ela acredita que muitos cristãos são “fracos” porque são preenchidos por “programas” internos na igreja. “[No campo] nós não temos programas. Nós temos uma família. Nós precisamos de mais amor uns pelos outros e ninguém mais irá se sentir órfão”.