Todo ser humano enfrenta suas batalhas internas, suas dores e suas depressões. Até mesmo os cristãos. Quem falou sobre isso, recentemente, foi o teólogo e arqueólogo Rodrigo Silva.
Durante uma entrevista a Igor e Monark, no Flow Podcast, ele compartilhou sobre a fase mais difícil de sua vida, quando esteve internado numa clínica para tratar de uma depressão severa.
“Tive um período de angústia existencial, queria orar mas só sabia chorar, não queria viver, perdi a ligação com a vida”, revelou. Rodrigo atribui sua depressão a problemas pessoais e particulares guardados há muito tempo, incluindo a infância num ambiente tóxico que contou com alguns tipos de violência doméstica.
Na clínica, o arqueólogo disse que tentou o suicídio. “Eu ia fazer uma besteira. Peguei uma corda, coloquei na mochila, saí do quarto e fui para a direção de um lago muito bonito que tem lá”, contou.
Antes de se preparar para tirar a vida, ele pediu desculpas a Deus e se sentiu fracassado. “Eu estava me despedindo da vida ali, mas não estava ateu. Confesso que existe um sentimento muito pior que o ateísmo, que é o sentimento de abandono. Senti que Deus tinha me abandonado”, continuou.
Intervenção divina
Rodrigo teve seu plano impedido por uma enfermeira que desceu até o lago à paisana. “Ela disse que ouviu a voz de Deus dizendo: ‘Vai para o lago, agora!’. E aquela profissional me disse que não poderia se ausentar do seu plantão, mas obedeceu a Deus e foi. Ela não desceu com uniforme para não chamar atenção de sua chefe”, lembrou.
O teólogo ressaltou que “é cético para acreditar em coincidências”. Ele tem convicção que aquela enfermeira expressou o amor e o cuidado de Deus por sua vida. “Eu me senti amado e descobri uma força que não vem de mim. Ele me reergueu e eu saí daquela situação”, disse com gratidão.
De acordo com o teólogo, aquela experiência o tornou mais sensível. “Deus tem me usado tanto. Eu não limito mais o meu leque de conversas e diálogos. Eu estar aqui, hoje, mediante o que aconteceu lá, é um milagre”, testemunhou.
Assista o vídeo:
“Deus é tão real que dá para tocá-lo”
Além da influência exercida pelos trabalhos realizados como arqueólogo, professor e escritor, Rodrigo Silva tem impactado a atual geração com seus testemunhos sinceros e sua boa relação com várias denominações e instituições, aceitando convites para falar tanto do Evangelho quanto da Arqueologia.
“Falo de Deus como crente e como acadêmico. Deus existe. E Ele não só existe, ele nos ama e Ele é bom. Deus é tão real que dá para tocá-lo”, frisou. E, independente de como seja o ambiente na Igreja, hoje em dia, o teólogo enfatiza que o relacionamento com Deus é essencial.
“Quando você é conhecido e passa por algum problema, muita gente começa a falar abobrinha”, disse ao se referir aos comentários que recebeu de “gente de igreja”, como ele especificou, e que o deixaram muito chateado.
Durante sua depressão houve muitos questionamentos. “Cara, tem uma parábola que fala das penas jogadas ao vento, dizendo que é impossível recolhê-las. Assim acontece com as palavras lançadas pela boca do homem”, comparou.
E, por conta dos comentários das pessoas, Rodrigo lembrou que a verdadeira espiritualidade está dentro de cada um e que somente Deus pode ver. “Deus conhece os corações. Deus estava comigo ali, mas eu estava anestesiado por causa da minha dor”, disse.
Assim como Rodrigo, muitas outras pessoas, crentes ou não, passam por momentos difíceis e estão ligadas à Deus, mesmo que não aparentemente. “Estou preparado para encontrar vários ateus no céu e sei que muitos que se consideram ‘santos’ estarão nas trevas”, ponderou.
A igreja é um hospital
Lembrando que a Igreja não é lugar de santos e sim de doentes, o teólogo derruba o mito de que “cristão não tem depressão”.
“Eu não tenho vergonha de falar que tive uma depressão severa. Muitos pastores acham que não devem admitir que isso acontece. Hoje eu posso dizer que é algo que Jesus pode curar”, enfatizou.
Rodrigo lembra que Jesus teve coragem de falar que teve sede e que sentiu medo. “Ele teve coragem também para pedir que o cálice fosse afastado dele. E quando ele se humanizou, as pessoas foram atraídas para ele”, lembrou.
Diante disso, o arqueólogo ressalta a importância de nos humanizarmos também. “Quando você se humaniza você leva as pessoas até Deus. Tenha coragem de dizer quem você é. As pessoas gostam muito de mostrar seus rótulos e títulos, mas se mostre sem maquiagem. Isso pode encorajar e consolar muita gente”, concluiu.