Myron Leavitt começou sua jornada com Cristo quando entrou na Marinha dos EUA e depois foi enviado à Escócia. Ele conta que seus companheiros serviam a Deus dentro e fora do navio e isso lhe serviu de inspiração.
Depois de um tempo, voltou aos EUA e começou a frequentar uma igreja em Jacksonville, na Flórida. Ainda jovem, ele fez parte de um grupo de rap evangélico e participou dos trabalhos de evangelização.
Foi assim que ele conheceu Jenny, que se converteu através deste trabalho e, mais tarde, veio a se tornar sua esposa. A essa altura, Myron aceitou o cargo de pastor numa pequena igreja chamada Capela Vitória.
Myron e seu grupo de rap evangélico, em 1992. (Foto: Reprodução/God Reports)
Tomada de decisão
A Marinha o chamou para embarcar por treze vezes, e ele rejeitou as treze, preferindo aceitar o chamado de Jesus em sua vida. Tudo o que Myron queria era ser pastor e se aprofundar no relacionamento com o Senhor.
“Tudo o que sei é que acreditava que Deus queria que eu ficasse naquela igreja”, disse ao compartilhar que, em seguida, ele foi enviado para lançar novas obras e cumprir a Grande Comissão, pastoreando em locais diferentes.
Tudo ia bem até que, um dia, sua esposa foi diagnosticada com câncer — um linfoma de estágio 4, com menos de 25% de chance de sobrevivência. O médico não lhe deu muita esperança.
Um tempo de grandes dificuldades
Com uma criança de 3 anos e outra de 3 meses, Myron pediu a Deus para salvar sua esposa. Enquanto o médico fazia sua parte com os procedimentos, ele apenas orava.
Jenny sobreviveu, embora tenha sofrido doenças secundárias resultantes do tratamento contra o câncer. O tempo passou e seus filhos cresceram. Caleb estava com 20 e Jacob com 17.
Myron e Jenny fecharam a igreja, perto da meia noite, depois de um lindo concerto musical e foram para casa. Eles receberam uma ligação com uma notícia terrível — os dois filhos haviam sofrido um acidente de carro.
Como nenhum dos dois atendiam ao celular, Myron correu até o local do acidente e Jenny ficou em casa, caso um deles voltasse.
Imagens do acidente. (Foto: Reprodução/God Reports)
‘Vi meu filho num saco para cadáveres’
Ao chegar ao local, o pai se deparou com uma grande tragédia. O carro estava tão destruído, e estava escuro, então ele não conseguiu identificar rapidamente se realmente era o carro do filho.
“Então olhei de perto e vi que era a caminhonete dele, com a frente irreconhecível”, relatou. Ao perguntar ao policial sobre os meninos, a resposta é que havia apenas um deles no local.
Myron insistiu, pois sabia que seus dois filhos estavam no veículo. “Percebi que ele tentava me empurrar para o outro lado da rua. Então, olhei para a esquerda. Não sei como não tinha visto antes, mas lá estava um dos meus filhos dentro de um saco para cadáveres”, lembrou.
O policial insistiu que não era seu filho e não permitiu que ele fosse ver, nem mesmo orar. “Eu estava sobrecarregado com a dor. Naquele momento, passou um filme em minha mente, não sobre a vida, mas sobre todos os meus fracassos como pai”, disse.
“Eu me agachei segurando minha cabeça em minhas mãos, enquanto esses pensamentos atacavam minha mente”, relatou ao contar que foi informado que um dos filhos havia sido levado às pressas para o hospital.
Entre a vida e a morte
Mesmo apavorado, Myron foi para o hospital. Ao chegar lá, Caleb estava sendo levado às pressas para a sala de cirurgia. “Se você quer vê-lo, veja-o agora, porque não há garantia de que ele vá sobreviver”, disse o médico.
“Ele estava sangrando pelo nariz, pela boca, pelos ouvidos. Seu rosto foi esmagado. Seu fígado foi dilacerado e ele estava sangrando por dentro. Ele quebrou todos os ossos do rosto”, explicou o pai.
“Meus filhos foram atingidos por uma batida na porta do motorista, a 110 quilômetros por hora, por outros jovens que estavam bêbados”, disse ao descrever que Jacob teve os dois tímpanos estourados, quebrou o braço esquerdo, o fêmur direito e a pélvis em três áreas, além de ter quebrado o pescoço na vértebra C7.
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Enquanto os cirurgiões trabalhavam, vieram três policiais estaduais. Conduzindo Myron e Jenny a uma pequena sala privada. Eles os informaram que o cadáver na rua era realmente de Jacob, de 17 anos.
“Basicamente, eles entregaram à minha esposa um saco plástico com anéis ensanguentados, uma carteira ensanguentada e coisas que estavam nos bolsos dele, todas cobertas de sangue”, disse Myron.
Em seguida, eles deram a notícia: “Há uma testemunha que acha que seus filhos passaram pelo sinal vermelho, não os outros jovens. Se for esse o caso e se seu filho sobreviver à cirurgia, há uma boa chance de acusarmos Caleb de homicídio culposo”.
Como reagir?
Myron e Jenny estavam passando pelo pior deserto de suas vidas. Aguardando notícias do filho mais velho que estava entre a vida e a morte. Teriam que enfrentar o funeral do filho mais novo e, ainda com o acréscimo da angústia de um possível processo judicial.
Myron disse que precisava manter a calma para saber o que fazer. Enquanto isso, a voz do policial como um eco naquele momento: “Você precisa de um advogado, e precisa de um bom”.
Milagrosamente, Caleb sobreviveu. Ele saiu da operação em coma e Myron sussurrou em seu ouvido: “Não podemos perder você, você tem que lutar, cara”. Enquanto isso, o funeral de Jacob foi realizado.
Dia em que Caleb recebeu alta do hospital. (Foto: Reprodução/God Reports)
Recuperação de Caleb
Caleb acordou do coma. Como sofreu uma lesão cerebral traumática no acidente, passou por um longo período de recuperação. “Quando você tem lesões cerebrais traumáticas, você nunca sabe o que vai ter de volta”, disse Myron.
Caleb ficou em uma cadeira de rodas por dois meses e se formou usando um andador. “Ele foi um guerreiro e, como não podia fazer nada durante seu tempo de reabilitação, ele comprou gravatas e começou a vendê-las na igreja, mesmo em cima de uma cadeira de rodas”, lembrou o pai.
Caleb se formou como professor de educação especial e ainda está servindo na igreja de Jacksonville, embora esteja com uma perda auditiva significativa. Mryon está pastoreando em Sanford.
Myron e Jenny Leavitt. (Foto: Reprodução/God Reports)
A vida depois de tantas tragédias
A acusação de homicídio culposo nunca aconteceu e a tal “testemunha” nunca apareceu no tribunal, então as acusações foram retiradas. Myron sempre acreditou que a culpa foi dos adolescentes bêbados e que seu filho jamais teria passado pelo sinal vermelho.
Mas ele decidiu perdoar e não guardar rancor. Enquanto seu filho perdeu a vida por culpa deles, Myron queria amá-los e mostrar-lhes o amor de Deus. A forma que ele encontrou para fazer isso, foi visitando escolas secundárias do Condado de Seminole, na Flórida, junto com um xerife, para dar palestras sobre os riscos de dirigir embriagado.
Seu conselho para as pessoas que nunca foram atingidas por tragédias como as que ele enfrentou é esse: “Valorize sua família. Nunca sabemos o que o amanhã nos reserva”.
Ele finalizou falando sobre a fé nos dias difíceis: “É nos momentos mais sombrios da vida que você descobre quem você realmente é. Você tem que refletir sobre as dificuldades da vida e crer em Deus. Se você não fizer isso, você não tem como se recuperar”.
Membros da Capela Vitória. (Foto: Reprodução/God Reports)