Brasil vota na ONU com EUA e Israel e rompe tradição de 27 anos de apoio a Cuba

Em votação histórica, Brasil alterou a tradição diplomática que condena o embargo econômico a Cuba desde 1992.

Fonte: Guiame, com informações do G1Atualizado: sexta-feira, 8 de novembro de 2019 às 13:21
Assembleia-Geral das Nações Unidas durante votação sobre o embargo dos EUA imposto a Cuba. (Foto: Evan Schneider/ONU)
Assembleia-Geral das Nações Unidas durante votação sobre o embargo dos EUA imposto a Cuba. (Foto: Evan Schneider/ONU)

Pela primeira vez, o Brasil votou contra uma resolução da Organização das Nações Unidas que pede o fim do embargo dos Estados Unidos imposto a Cuba há 57 anos. A posição do governo Jair Bolsonaro altera a tradição diplomática adotada desde 1992.

A condenação do embargo a Cuba foi aprovada nesta quinta-feira (7) na Assembleia-Geral da ONU por 187 votos a favor, 3 contra, e 2 abstenções. Dentre os três países que votaram contra, estão os EUA, Brasil e Israel. Colômbia e Ucrânia se abstiveram.

O embargo econômico impede a maioria das trocas comerciais entre EUA e Cuba — exceto em casos de ajuda humanitária.

Os EUA asseguram que o embargo é necessário para punir o governo cubano, que viola os direitos humanos de seu próprio povo, segundo a embaixadora na ONU, Kelly Kraft. 

“Os Estados Unidos não são responsáveis pelos intermináveis abusos do regime contra a sua própria gente; não aceitamos responsabilidade por isso”, disse Kraft, reivindicando o direito de seu país a negociar com quem quiser.

Nas redes sociais, o ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, disse que “o Brasil votou a favor da verdade” e que “nada nos solidariza com Cuba”.

“O regime cubano, desde sua famigerada revolução 60 anos atrás, destruiu a liberdade de seu próprio povo, executou milhares de pessoas, criou um sistema econômico de miséria e, não satisfeito, tentou exportar essa 'revolução' para toda a América Latina”, escreveu.

Araújo também afirmou que Cuba “é hoje o principal esteio do regime Maduro na Venezuela, o pior sistema ditatorial da história do continente”. Ele acrescentou: “Desse modo, Cuba está por trás da opressão aos venezuelanos, da catástrofe humanitária, da tortura, da migração forçada de 1/6 da população do país”.

Bolsonaro também é crítico da posição política do Brasil em relação à Cuba nos governos anteriores. Em seu discurso na Assembleia-Geral da ONU, em setembro, o presidente brasileiro disse que um plano de Fidel Castro, Hugo Chávez e Lula para estabelecer o socialismo na América Latina ainda está vivo e precisa ser combatido.

Embargo econômico a Cuba

O embargo econômico americano a Cuba existe desde 1962, mas as primeiras medidas para isolar a ilha começaram a ser implementadas em 1960, um ano após Fidel Castro tomar o poder.

A medida limita as empresas americanas a realizarem negócios com interesses cubanos. No caso de importação, Cuba deve pagar em dinheiro, pois o crédito não é permitido.

O governo de Barack Obama (2009-2017) chegou a reatar relações com Cuba e, em votação histórica, os EUA se abstiveram na sessão na ONU sobre condenação ao embargo. No entanto, no mandato de Donald Trump, as sanções foram ampliadas.

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