A convite da ONU, Talibã participa de conferência sobre clima no Azerbaijão

O Talibã, que governa o Afeganistão com mão de ferro, aproveita a oportunidade para buscar reconhecimento no cenário internacional.

Fonte: Guiame, com informações da APAtualizado: terça-feira, 12 de novembro de 2024 às 18:57
O Talibã governa o Afeganistão desde 2021. (Foto ilustrativa: Pixabay)
O Talibã governa o Afeganistão desde 2021. (Foto ilustrativa: Pixabay)

Pela primeira vez desde que o Talibã reassumiu o poder em 2021, o Afeganistão enviou, na segunda-feira (11), uma delegação para participar das negociações climáticas das Nações Unidas, com o objetivo de buscar apoio para enfrentar o aquecimento global.

Recentemente, o grupo que comanda o Afeganistão com mão de ferro foi notícia em todo o mundo, ao impor nova regra que proíbe imagens de seres vivos na mídia.

A 29ª Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas foi oficialmente aberta nesta segunda-feira (11), em Baku, no Azerbaijão, com a presença de um número reduzido de líderes globais.

A participação do Talibã na COP-29, evento anual em que líderes, especialistas e representantes de diversos países se reúnem para discutir e negociar ações globais para combater as mudanças climáticas, tem gerado controvérsias.

Segundo o chefe da agência de proteção ambiental do Afeganistão, Matuil Haq Khalis, em declaração à Associated Press, o país necessita de apoio internacional para enfrentar condições climáticas extremas, como chuvas irregulares, secas prolongadas e inundações repentinas.

"Todos os países devem unir forças e enfrentar o problema das mudanças climáticas", disse Khalis, falando por meio de um tradutor nas negociações, que estão ocorrendo em Baku, no Azerbaijão.

País vulnerável

O Afeganistão foi fortemente afetado pelas mudanças climáticas, com uma avaliação recente de especialistas em clima que o classificaram como o sexto país mais vulnerável ao clima no mundo.

Em março, o norte do Afeganistão foi atingido por fortes chuvas, que resultaram em enchentes repentinas e causaram a morte de mais de 300 pessoas.

Cientistas climáticos descobriram que as chuvas extremas foram intensificadas pelas mudanças climáticas.

Khalis afirmou que o Afeganistão elaborou planos de ação nacionais para enfrentar as mudanças climáticas e atualizará suas metas nos próximos meses. Ele destacou que o país possui grande potencial para energia eólica e solar, mas precisa de apoio internacional para desenvolver essas fontes de energia.

Ele acrescentou que a delegação afegã agradeceu ao governo azerbaijano pelo convite. A delegação terá status de observador nas negociações, uma vez que o Talibã não possui reconhecimento oficial como governo do Afeganistão.

'Estados politicamente desprezíveis'

Joanna Depledge, historiadora do clima da Universidade de Cambridge, na Inglaterra, disse que o Afeganistão deveria poder participar.

“Por ser um fórum global, há uma série de estados politicamente desprezíveis, com todos os tipos de registros deploráveis de um tipo ou outro, que participam. Onde devemos traçar a linha?”, ela disse.

Respondendo a uma pergunta sobre a avaliação da ONU de que as mulheres são mais vulneráveis do que os homens aos impactos climáticos, Khalis disse que "o impacto das mudanças climáticas não tem fronteiras, pode afetar mulheres, crianças, homens, plantas ou animais, por isso exige um trabalho coletivo para enfrentar essa questão."

Khalis disse que solicitou negociações bilaterais com vários países, incluindo os EUA, e que ficaria feliz em dialogar com eles caso o pedido seja aceito.

"Não fizemos parte das últimas três conferências... mas estamos felizes que desta vez estamos aqui e poderemos transmitir a mensagem do povo afegão para a comunidade internacional", disse Khalis.

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