Nas últimas semanas, o conflito entre a minoria drusa e tribos beduínas na cidade de Suwayda, na Síria, tem impactado a comunidade cristã local.
Mais de 250 pessoas, incluindo muitos cristãos, estão se abrigando na Capuchin Church of Jesus the King.
Cerca de 70 famílias precisaram sair de suas aldeias para escapar da violência e se refugiar no templo.
Segundo a organização Ajuda à Igreja que Sofre (ACN), os moradores estão vivendo sob "condições extremas e bombardeios contínuos".
“Nos últimos dias, o complexo da igreja foi atingido por intensos bombardeios. Um projétil atingiu o mosteiro, causando danos significativos aos tanques de água e janelas de vidro. Milagrosamente, ninguém dentro da igreja ficou ferido", relatou uma fonte local, que não foi identificada por razões de segurança.
Presos em cerco
Os moradores sofrem com falta de água, eletricidade e medicamentos, além da escassez de alimentos. Militantes ainda estão roubando suprimentos nos armazéns, tornando a vida na região insuportável.
"O cerco continua e o fogo de franco-atiradores torna impossível sair. Tiros esporádicos são ouvidos e o medo é constante, sem clareza sobre quem são as facções em combate. Ainda há muitas pessoas desaparecidas – elas podem estar em outras aldeias ou mortas em suas casas”, disse outra fonte local.
Um líder cristã católica, que está em contato com as famílias deslocadas em Suwayda, relatou que "toda a cidade continua em profunda crise" após 10 dias de cerco.
“As estradas são perigosas, cheias de tiros de franco-atiradores e caos. Nenhum corredor humanitário foi estabelecido e nenhuma ajuda chegou à cidade. A situação é de desumanização inacreditável, com cadáveres nas ruas”, afirmou.
“Muitos estão experimentando ataques de pânico graves, colapsos emocionais e ansiedade extrema. Há uma necessidade urgente de sedativos e apoio à saúde mental – as pessoas não conseguem dormir, são dominadas pelo medo e pelo horror”, alertou ela.
A líder apelou que as autoridades criem um corredor humanitário para evacuar civis e levar atendimento médico e alimentos.
"Nossas necessidades são infinitas, mas o que realmente precisamos é de oração e intervenção de Deus – somente Ele pode nos tirar disso”, declarou ela.
Onda de violência contra cristãos na Síria
Conforme o Christian Today, o novo governo sírio tem sido incapaz de impedir a violência de grupos militantes armados.
A vida se tornou mais desafiadora para os cristãos na Síria sob a nova liderança de Ahmed al-Sharaa – ligado a grupos islâmicos – que assumiu a presidência após a queda de Assad em dezembro de 2024.
O ataque terrorista à Igreja do Profeta Elias em junho reacendeu os temores da comunidade cristã de sofrer mais perseguição de radicais islâmicos.
Em março deste ano, confrontos entre forças governamentais e combatentes pró-Assad resultaram na morte de centenas de civis e soldados. Em menos de 24 horas, centenas de cristãos foram massacrados na região costeira da Síria por muçulmanos locais.
Relatórios indicam que o ataque coordenado ocorreu nas regiões sírias de Jableh e Baniyas, onde comunidades cristãs e alauítas vivem historicamente.
Para Meletius Shattahi, um dos líderes do Patriarcado Ortodoxo Grego de Antioquia, o governo sírio não está fazendo o suficiente para proteger as comunidades cristãs.
Shattahi contou que vídeos com ameaças circulam nas redes sociais, mostrando pregadores islâmicos armados defendendo o Islã em alto-falantes em bairros cristãos.