Em uma entrevista recente, o carnavalesco Milton Cunha falou sobre a preparação para o carnaval na Avenida e destacou: “escola de samba é macumba”.
Durante o videocast do jornal OGLOBO, 'Conversa Vai, Conversa Vem', Milton refletiu que a religiosidade de matriz africana é destaque dos enredos da Sapucaí.
“Macumba é o termo usado pela negritude como sinônimo do batuque. Ele sistematizado é o candomblé e a umbanda. A escola de samba é filha, tributária do batuque. Então, escola de samba é macumba, acabou. Gostem ou não, meu amor”, afirmou ele na entrevista.
E continuou: “Os ogãs saíram dos terreiros e foram tocar na bateria. As baterias tocam para os orixás. A macumba é causadora maravilhosa de toda essa procissão, essa inteligência negra periférica”.
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Em um evento pré-carnaval, Milton explicou o que acontece no mundo espiritual durante o desfile na Avenida.
“Qual é a importância de 2025? O que é que este modelo que vai privilegiar concentração, desfile e dispersão? Por que isso é importante para o sambista, para os mais velhos? O fundamento da escola de samba diz que, ao dobrar, a escola é bloqueada pelo primeiro portão, então, ali, aquela concentração energética de não ter começado o desfile, ali é o início da gira”, afirmou Milton.
E continuou: “Os mais velhos dizem para a gente que ali começa o ponto, ali começa a cantar os mortos. Aqueles autores daqueles sambas da história, eles vão voltar e vão se manifestar ali naquele começo”.
“Quando a porta bandeira gira a sua bandeira, o vento vai buscar o ancestral falecido. Então, aquela parte de esquenta, aquilo é uma invocação de quem fundou aqueles quilombos. Então, imagina o arrepio de estar ali cobrindo neste modelo de 2025 isso, a descida do mistério? Toca a sirene, abre o portão e vai, a tradição da escola de samba se reapresentar em vida pulsante”, acrescentou.
‘Igreja, ore sem cessar’
Segundo Milton, "a escola de samba está colocando na mesa da família brasileira temas periclitantes, os tabus, os assuntos que são jogados para escanteio".
“Ela vem, joga no ventilador e, aí, todo mundo fala, o Jornal Nacional fala, a universidade comenta, os bares, as esquinas, os botecos, os almoços. Porque o Brasil não conhece o Brasil. E a escola de samba oferece esse banquete cultural de: ‘Olhaí aqui como nós somos potentes’", destacou ele.
No último domingo (23), o pastor Edésio de Oliveira compartilhou o vídeo em que o carnavalesco explica o movimento na Avenida e convocou a Igreja a orar durante 10 dias pela nação: “Brasil, oração sem cessar”.
Conforme pastores e líderes cristãos, a influência dessas ideologias têm gerado diversos conflitos familiares, de identidade e até mesmo distorção das Escrituras, onde em muitos blocos de rua e eventos de carnaval, as pessoas usam elementos cristãos como blasfêmia e geram indignação.