Político na Índia oferece recompensa por ataques a missionários e pastores

Gopichand Padalkar, membro hindu da Assembleia Legislativa do estado de Maharashtra, anunciou “prêmios” para quem espancar líderes cristãos.

Fonte: Guiame, com informações de Morning Star NewsAtualizado: sexta-feira, 1 de agosto de 2025 às 13:25
Gopichand Padalkar. (Foto: Reprodução/YouTube/TV9 Marathi).
Gopichand Padalkar. (Foto: Reprodução/YouTube/TV9 Marathi).

Um parlamentar hindu ofereceu uma recompensa milionária para quem atacar missionários e líderes cristãos na Índia.

Segundo o Morning Star News, Gopichand Padalkar, membro da Assembleia Legislativa do estado de Maharashtra, incitou a violência contra cristãos durante uma marcha com tochas no distrito de Sangli, em 17 de junho.

Na ocasião, o parlamentar, do partido nacionalista hindu BJP, acusou pastores e padres de converter pessoas à força, sem mostrar evidências para as acusações.

"Devemos manter prêmios para aqueles que atacam os missionários que vêm converter pessoas. 500.000 rúpias (5.756 dólares) devem ser dados para a primeira pessoa que espancar tal missionário, o segundo receberá 400.000 rúpias (4.605 dólares), enquanto o terceiro receberá 300.000 rúpias (3.454 dólares) como prêmios”, afirmou.

O político ainda ofereceu 1,1 milhão de rúpias (12.663 dólares) por ataques violentos contra líderes cristãos.

Demolição de igrejas

No seu discurso, Padalkar chamou os cristãos de “pítons” e defendeu a destruição de igrejas.

Ele exigiu que as autoridades locais divulguem uma lista de todas as igrejas não autorizadas no distrito de Sangli, para que “essas casas de oração sejam demolidas".

E o político acrescentou: “Se uma pessoa tem um emprego no governo com base em reservas sob o Dharma hindu e está seguindo uma religião diferente, ela deve ser demitida".

Além disso, a Assembleia Legislativa do estado de Maharashtra garantiu aos participantes da marcha que "tentaria criar uma lei contra a conversão da religião na sessão das monções da assembleia" e incitou: "Elimine aqueles que se convertam, e eu cuidarei da polícia".

Cristãos protestam nas ruas


Protesto silencioso de cristãos em Sakri. (Foto: Morning Star News).

O anúncio das recompensas de Gopichand Padalkar provocou uma série de protestos em diversas cidades da Índia.

Em 11 de julho, milhares de cristãos de várias denominações realizaram um protesto de seis horas na capital, Mumbai, com o apoio de mais de 20 organizações cristãs. A manifestação contou com a participação de políticos e líderes cristãos proeminentes.

Na cidade de Pune, membros do Fórum Cristão se manifestaram do lado de fora do Escritório do Coletor Distrital, em 8 de julho.

No dia 30 de junho, cristãos realizaram uma marcha no distrito de Jalna, carregando cartazes e exigindo punição contra Padalkar.

Os manifestantes pediram que Padalkar seja destituído de seu cargo político e que enfrente acusações criminais, incluindo incitação à violência, tumultos e incentivo ao assassinato.

O secretário-geral da Irmandade Evangélica da Índia, reverendo Vijayesh Lal, condenou o discurso do político e afirmou que oferecer recompensas em dinheiro por violência ultrapassa todos os limites aceitáveis.

"Nenhum representante eleito deve incentivar ataques a qualquer cidadão com base em sua fé", declarou Lal ao Morning Star News. 

"Tais declarações não apenas colocam vidas em perigo, mas minam os próprios princípios sobre os quais nossa nação foi fundada. Apelamos por uma ação decisiva para garantir que essa retórica não se traduza em violência real”.

Melwyn Fernandes, secretário da Association of Concerned Christians, também se manifestou: “Um ataque direto ao próprio tecido de nossa democracia secular. É chocante e desanimador que nossos líderes eleitos não tenham tomado conhecimento de uma retórica tão perigosa, minando e isolando os cristãos em seu próprio país".

Já a Conferência dos Bispos Católicos da Índia (CBCI) criticou a Justiça indiana por não punir Padalkar.

“Profunda angústia pelo crescente clima de hostilidade e violência dirigida contra as comunidades minoritárias no país. [Suas declarações] justificam uma intervenção legal imediata e decisiva, particularmente quando o incitamento é explícito, direto e representa uma ameaça iminente à ordem pública", afirmou a CBCI, em um comunicado, divulgado em 28 de julho.

Aumento da perseguição na Índia

Atualmente, 12 dos 28 estados da Índia têm leis que limitam ou controlam as conversões religiosas. A maioria desses estados é governada pelo partido nacionalista hindu BJP, que, segundo grupos cristãos, tem permitido ataques de extremistas hindus sob o pretexto de leis anticonversão.

Líderes cristãos afirmam que essas leis são muitas vezes usadas de forma abusiva por nacionalistas hindus para intimidar e assediar comunidades cristãs.

Conforme a organização United Christian Forum (UCF), a comunidade cristã no país está enfrentando pelo menos dois ataques todos os dias.

A violência tem crescido nos últimos anos. De acordo com a UCF, foram registrados 834 ataques em 2024, comparados a 734 em 2023 e 601 em 2022.

A Índia ocupa o 11° lugar na Lista Mundial da Perseguição 2025 da Missão Portas Abertas. 

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