O Conselho Nacional Francês de Igrejas Evangélicas (CNEF) publicou uma declaração à Ministra da Saúde, Agnès Firmin-Le Bodo, defendendo o valor da vida. O documento foi divulgado em virtude de a França estar revisando sua lei de eutanásia aprovada em 2016.
De acordo com a Evangelical Focus, em setembro passado, o governo abriu um período de conversação civil de seis meses sobre o assunto. E Emmanuel Macron, que considera a lei ineficiente, disse acreditar que poderia haver “uma possível mudança do quadro legal até o final de 2023”.
O comunicado evangélico destaca cada vida humana como valor absoluto.
“Todo ser humano é criado e amado por Deus, e sua dignidade não diminui com a idade, condição social ou declínio de suas capacidades físicas e cognitivas”, diz o texto.
Apontam que “ao afirmar o valor absoluto de toda vida humana, nós, protestantes evangélicos, denunciamos qualquer ato que resulte em morte, inclusive a 'assistência ativa ao morrer' no fim da vida”.
Mensagem cristã
Outro destaque do comunicado é a mensagem cristã do Evangelho, ao dizer “como a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão nos chamam a amar e cuidar especialmente dos mais frágeis de nossa sociedade, afirmando que todo ser humano tem uma dignidade fundamental e igual que não pode ser degradado pela idade”.
“A humanidade de uma sociedade mede-se pela sua capacidade de amar, proteger e cuidar dos fracos e sofredores, mais do que facilitar a sua morte, ou inspirar uma necessidade de morrer”, acrescenta o CNEF.
Além disso, eles estão preocupados com “o efeito na relação cuidador-paciente se as mãos que curam podem ser as mesmas que dão a morte. Isso prejudicaria seriamente a confiança básica no cuidador”.
O tema está movimentando outros grupos evangélicos. Dois deles já responderam ao debate. Embora ambos concordassem com a necessidade de promover cuidados paliativos, a Federação Protestante da França (FPF) saudou “um grande debate nacional” sobre a “questão complexa”, mas o Comitê Evangélico Protestante para a Dignidade Humana (CPDH) denunciou que “o Presidente quer direito à eutanásia”.
Um apelo ao governo
A CNEF realça a importância de aliviar o sofrimento dos doentes terminais, pelo que incentiva a Ministra da Saúde “a disponibilizar os recursos necessários ao desenvolvimento dos cuidados paliativos”.
Eles também convidam “os eleitos franceses a fazerem uma escolha pela vida e não pela morte. Esperamos que eles reafirmem o direito de todos serem ajudados a viver e nunca morrer. Assim nos tornaremos todos mais humanos”.
“Numa sociedade onde dominam o dinheiro, a rentabilidade e o poder, mas a fraternidade diminui, afirmamos que a humanidade reside precisamente em não ceder a pressões demográficas, lobistas ou econômicas que apelam a facilitar a morte precoce”, conclui o comunicado.