Os haitianos retornaram aos cultos dentro e fora de igrejas danificadas neste domingo (24), alguns pela primeira vez depois que o terremoto de magnitude 7,2 atingiu o país em 14 de agosto, deixando 2.207 mortos, segundo a Agência de Proteção Civil.
Na cidade de Les Cayes muitos cristãos foram à igreja agradecer por sobreviver ao desastre e lamentar a morte de entes queridos. Em uma igreja evangélica no bairro de Bergeaud, os fiéis louvavam sob os raios de sol que passavam pelos buracos nas paredes e no teto.
O pastor Sevrain Marc Dix Jonas disse que o culto de domingo foi especial para sua congregação, que não se reunia desde que o terremoto atingiu o Haiti. "Hoje foi imperdível. Para agradecer a Deus. Ele nos protegeu. Não morremos”, celebrou o líder.
A igreja do pastor Sevrain foi uma das poucas que conseguiu cultuar dentro de seu templo. Em muitas congregações, os cultos tiveram que ser realizados fora dos prédios destruídos.
Haitianos participaram de cultos pela primeira vez, após o terremoto. (Foto: AP Photo/Matias Delacroix).
Segundo a Agência de Proteção Civil do Haiti, mais de 2.200 pessoas ficaram feridas e quase 53 mil casas foram destruídas pelo terremoto. Com o passar dos dias, as operações de ajuda humanitária estão se expandindo, porém, a atuação de gangues haitianas estão atrapalhando os trabalhos de socorro.
Gangues invadiram ambulâncias e vans para roubar suprimentos. Em Porto Príncipe, o acesso a estradas está bloqueado em áreas dominadas por gangues, impedindo que a ajuda chegue à população.
A agência Aid to America, da organização cristã Samaritan's Purse, abriu um hospital de campanha no sábado (21), mas enfrenta problemas de segurança nos pontos de distribuição, devido a gangues que sequestram caminhões de ajuda humanitária.
A Mission Aviation Fellowship (MAF), uma equipe de aviação que apoia organizações cristãs, está fazendo voos médicos de emergência e transportando suprimentos. Dave McCleery, membro da equipe da MAF, explicou que com as estradas fechadas, a necessidade de ajuda é imensa.
“Há atividades de gangues que afetam Porto Príncipe, a capital, por muito tempo. Mas, especificamente, as gangues assumiram o controle de uma área de Porto Príncipe que fechou a estrada principal para o sul da península, onde ocorreu o terremoto. E por causa disso, toda aquela área do Haiti foi isolada”, disse McCleery.
E acrescentou: “Quando se fala nessa quantidade de socorro necessária, se o acesso rodoviário está bloqueado por causa da atividade das gangues, isso é uma preocupação real. Certamente podemos transportar a carga necessária, mas é muito mais caro e leva muito mais tempo do que se pudesse ser acessado por estrada”.
A situação também é crítica já que a Mission Aviation Fellowship tem apenas um avião disponível para ajudar no Haiti, assim como poucos voluntários disponíveis. Mas, junto com outras organizações cristãs, como a Samaritan’s Purse e a Missionary Flights, a MSF tem promovido esforços de ajuda para os haitianos.
“Definitivamente ore para que a ajuda necessária chegue, mas também para que a ajuda possa chegar às áreas afetadas”, pediu McCleery.