
O terremoto de magnitude 7,2 que atingiu o Haiti, na manhã de sábado (14), vai intensificar ainda mais a crise humanitária vivida no país. Além da escassez de alimentos e o aumento das taxas de violência durante a pandemia, os haitianos terão de enfrentar também a perda de bens materiais e entes queridos.
Até agora foram registradas quase 1300 mortes e pelo menos 5700 feridos. O terremoto derrubou e danificou prédios, incluindo igrejas, no sudoeste do Haiti. Grupos cristãos estão fornecendo assistência humanitária imediata, conforme o Christian Post.
De acordo com a avaliação do US Geological Survey (USGS), o número pode subir e chegar a milhares. Na região atingida, grande parte da população reside em estruturas que são vulneráveis a abalos sísmicos.
“As ruas estão cheias de gritos”
O líder cristão Abiade Lozama, da Igreja Episcopal em Les Cayes, disse que estava se reunindo com professores e pais para discutir os planos de voltar à escola quando o terremoto atingiu a cidade.
O terremoto, que ocorreu por volta das 8h30, horário local, atingiu cerca de 5 milhas da cidade de Petit Trou de Nippes, que fica a 93 milhas a oeste da capital Porto Príncipe, e foi sentido em todo o Caribe. Foi seguido por uma série de tremores secundários, conforme o USGS.
“As ruas estão cheias de gritos, as pessoas estão procurando por familiares e buscando recursos, ajuda médica e água”, contou Lozama. Ele ainda relatou que as pessoas ficam sentadas esperando por alguma notícia.
“Mas não há notícias. Não se sabe nada sobre os familiares e não há como saber quem irá ajudá-los nessa situação. Quando acontece uma catástrofe dessas, as pessoas esperam por uma ajuda ou algum tipo de apoio do estado. Mas não há nada. Nenhuma ajuda”, observou.
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Compassion, no Haiti. (Foto: Reprodução/Christian Post)
Mais forte que o terremoto de 2010
O terremoto de magnitude 7,2, ocorrido no sábado, foi mais poderoso do que o tremor de 7,0 que atingiu a ilha em 2010, matando mais de 300 mil pessoas.
O professor Richard Olson, da Florida International University, que estuda a política de desastres, disse que ficou espantado ao ver outro terremoto atingindo o Haiti.
“Estamos no meio da temporada de furacões. Eles nunca se recuperaram realmente do evento de 2010. Depois do assassinato [do presidente] e da instabilidade política atual, tenho receio do que mais pode dar errado para os haitianos”, disse.
Em 7 de julho, o presidente haitiano, Jovenel Moise, foi assassinado. Sua morte reacendeu tensões históricas entre o norte do Haiti e o oeste, onde fica a capital, Porto Príncipe.
“Junto com os efeitos de um terremoto cujos danos não foram avaliados oficialmente, temos uma pandemia e a ameaça da tempestade tropical Grace, que ainda deve atingir o território haitiano”, observou Marcelo Viscarra, diretor nacional da organização evangélica de ajuda Visão Mundial no Haiti.
Ajuda humanitária
A Visão Mundial disse que já preparou suprimentos para fornecer assistência humanitária imediata a 6 mil pessoas. Além disso, está mobilizando pessoal para Les Cayes para estimar com precisão os danos e as necessidades das famílias mais afetadas.
A organização cristã de patrocínio infantil, Compassion International, disse em sua página no Facebook que sua equipe de ajuda em caso de desastres naturais já está na região para ajudar crianças e pais afetados pelo terremoto.
A Agência Adventista de Desenvolvimento e Recursos Assistenciais também está fornecendo ajuda de emergência. “A partir de nossas avaliações, a principal preocupação é cuidar dos feridos”, disse Elian Giaccarini, coordenador de gerenciamento de emergência da ADRA para o Caribe.
“Neste momento, estão sendo feitas avaliações dos danos. Um dos principais desafios é a extrema dificuldade de entrar nas áreas onde há gangues que dificultam o acesso às áreas afetadas”, disse Giaccarini.
“Também estamos preocupados com a tempestade Grace. A situação é extremamente complexa devido à violência e o deslocamento massivo de populações”, continuou.
A pobre nação já estava lutando com as consequências sociais e políticas do assassinato do presidente. O Haiti também viu um aumento na criminalidade desde o ano passado.
O Escritório Integrado das Nações Unidas no Haiti afirmou em um relatório de fevereiro que houve 234 sequestros nos 12 meses anteriores, um aumento de 200% em relação ao ano anterior. Autoridades no Haiti relataram 1.380 assassinatos em 2020.
De acordo com o grupo de vigilância Fondasyon Je Klere, mais de 150 gangues operam no Haiti. Nas redes sociais, há diversas manifestações de apoio e oração pelo Haiti.
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