O lugar mais sagrado para os muçulmanos, a Grande Mesquita na cidade sagrada de Meca, na Arábia Saudita, foi invadido por um enxame de gafanhotos no final de semana passado. O local recebe milhões de peregrinos todos os anos e faz parte do roteiro obrigatório para cada muçulmano visitar pelo menos uma vez em sua vida.
Estima-se que a gigantesca nuvem tinha cerca de 30 mil gafanhotos negros, o que demandou grande esforço das autoridades para limpar o local.
Fieis que estavam na Grande Mesquita foram incomodados com a invasão dos insetos. Imagens dos gafanhotos zunindo em torno de luminárias, agarrando-se a superfícies de mármore e até mesmo cobrindo peregrinos orando foram espalhadas pelas mídias sociais.
De acordo com informações da Newsweek, o município de Santa Meca emitiu um comunicado na segunda-feira (14) respondendo ao enxame das chamadas "baratas noturnas", dizendo que havia despachado "22 equipes com 138 indivíduos e 111 aparelhos" para combater as pragas.
Praga
A primeira referência feita na Bíblia aos insetos aparece em Êxodo. Os gafanhotos foram a oitava praga que Deus enviou ao Egito, a fim de forçar Faraó libertar os hebreus da escravidão. Antes Deus disse ao rei: “Até quando você se recusará a humilhar-se perante mim? Deixe ir o meu povo, para que me preste culto” (Êxodo 10:3).
Nos versículos 4 a 6 do mesmo livro, Deus mostra o cenário aterrador que os egípcios enfrentariam com aquela praga: “Se você não quiser deixá-lo ir, farei vir gafanhotos sobre o seu território amanhã. Eles cobrirão a face da terra até não se poder enxergar o solo. Devorarão o pouco que ainda lhes restou da tempestade de granizo e todas as árvores que estiverem brotando nos campos. Encherão os seus palácios e as casas de todos os seus conselheiros e de todos os egípcios: algo que os seus pais e os seus antepassados jamais viram, desde o dia em que se fixaram nesta terra até o dia de hoje’”.
Outra passagem bíblica também se refere ao inseto como símbolo de demônios. O profeta Joel descreve quatro tipos de insetos nessa condição: a lagarta, o gafanhoto, a locusta e o pulgão (Joel 1:4). Eles foram liberados por Deus para destruição de plantações daqueles que eram desobedientes e infiéis.
Limpeza
As equipes tinham como alvo específico “locais de reprodução e coleta”, como áreas de saneamento e drenos de água. O município disse que estava “aproveitando todos os esforços, capacidades e possibilidades disponíveis para eliminar esses insetos no interesse da segurança dos hóspedes da casa sagrada de Deus”.
Limpeza do local que teve invasão de gafanhotos em Meca. (Foto: Reprodução/Twitter)
Apesar de ser um grande incômodo, os gafanhotos não são conhecidos por transmitir doenças aos seres humanos, nem mordem ou picam. Mohammed al-Zafar, chefe do Departamento de Proteção Vegetal da Faculdade de Ciências Alimentícias e Agrícolas da Universidade King, disse ao jornal local Sabq na segunda-feira (14) que as “baratas do campo” são da família Gryllidae e mais relacionadas a gafanhotos e grilos do que baratas domésticas.
Zafar disse à agência de notícias que os habitantes locais deveriam se abster de comer ou vender os insetos, mesmo eles não sendo transmissores de doenças. Ele que o fenômeno natural provavelmente está relacionado às recentes chuvas. Ele estimou que 30.000 gafanhotos haviam descido a Meca, observando que enxames maiores poderiam chegar às centenas de milhares.
Repercussão
Mesmo com as explicações, os usuários de mídias sociais fizeram comentários com conotações religiosas sobre o evento. O motivo de enxames de gafanhotos como uma forma de punição divina aparece em todas as tradições abraâmicas, que incluem o judaísmo, o cristianismo e o islamismo.
Uma mulher disse que era a primeira vez que via aquela situação. “Esta é a primeira vez na história que estas coisas entraram dentro do Haram Santo! Eu vi os gafanhotos realmente assustadores. Deus salve as duas mesquitas sagradas de todos os males”.