O discurso em Libras (Língua Brasileira de Sinais) feito pela primeira-dama Michelle Bolsonaro, na cerimônia de posse presidencial de seu marido Jair Bolsonaro, foi considerado um dos pontos altos da programação, que aconteceu na tarde do dia 1º de janeiro.
Discreta e tímida, Michelle disse que não fala nem na sua igreja, mas que seu discurso foi diferente e que não ficou nervosa. “Foi uma paz vinda realmente de Deus porque eu nunca me imaginei falando para uma população, não consigo falar nem na minha igreja. Foi um momento muito divino”.
Com o marido um pouco atrás e posicionada entre uma intérprete e o vice-presidente, general Hamilton Mourão, a primeira-dama transmitiu simpatia e segurança em cada gesto feito com as mãos e expressões faciais. Com conteúdo especialmente voltado à assistência social e com promessas de trabalho em prol dos deficientes, Michelle disse que não se tratou de marketing: “Foi natural e espontâneo”.
Segundo entrevista na TV Record, na noite de domingo (20), a primeira-dama disse ter avisado Jair Bolsonaro que discursaria apenas duas horas antes de o casal sair da Granja do Torto para a cerimônia.
“Olha, eu vou discursar, mas você fica tranquilo que deve ser menos de quatro minutos”, ela afirmou ter dito a Bolsonaro. Se o marido tivesse vetado, diz, ela ficaria triste “porque tinha isso em mente”, mas aceitaria.
Quebras de protocolo
O discurso de Michelle foi o primeiro feito pela esposa de um presidente na posse. Foi uma quebra de protocolo que chegou a assustar o cerimonial que só foi avisado um dia antes da posse, ao questioná-la, durante um ensaio, sobre o motivo de duas intérpretes no parlatório.
“Foi um momento cômico, porque uma pessoa do alto escalão ficou extremamente em pânico. ‘A Sra. vai discursar, o presidente já sabe?’. Falei ‘não’. Ele [falou] ‘como assim o presidente não sabe?’. Eu falei ‘qual o problema?’”, relatou a primeira-dama.
Michelle disse que foi o presidente mesmo quem sugeriu que seu discurso fosse antes dele.
Outra quebra de protocolo aconteceu durante o discurso dela. Quando ouviu e aceitou o pedido da plateia para beijar o marido. Ela se virou para beijá-lo e, depois, ele pediu novamente, e ela deu o segundo selinho em seguida.
Assistência social
Na entrevista, Michelle afirmou ter uma bandeira e uma luta de defender minorias como a comunidade surda, além de pessoas com deficiências e doenças raras. Negou que seu papel seja somente assistencialista e defendeu trabalho voluntário com esporte para tirar os jovens das drogas e oferecer oportunidade e profissão.
Em sua igreja, Michelle faz trabalho voluntário no Ministério com surdos. Além da comunidade surda com a qual se identifica, a primeira-dama disse que terá como bandeira a defesa das minorias, como as pessoas com deficiências e doenças raras.
Ela disse que não se trata de um mero assistencialismo, mas um trabalho que envolva esporte para tirar os jovens das drogas e oferecer a eles oportunidade e profissão.
“Quando eu falo para você em ajudar, eu estou ajudando essa minoria. A consequência eu não sei como que vai ser, é tudo muito novo para mim também. Mas eu tenho muita vontade, muito amor, muita disposição e muito respeito por essa minoria”, explicou.
Michelle afirmou que pretende deixar um legado de “ajudar e ser sensível às causas, olhar para quem realmente precisa, ajudar o próximo sem olhar a quem. Quero fazer a diferença”, completou.