Uma denúncia feita por Damares Alves, senadora eleita pelo Distrito Federal, tem provocado a reação da imprensa, de órgãos públicos e também de cristãos.
Em um culto na Igreja Assembleia de Deus Ministério Fama, em Goiânia, no sábado (8), Damares revelou que descobriu crimes horrendos contra crianças, quando estava à frente do Ministério da Mulher, Família e Direitos Humanos.
“Quando abri as gavetas do ministério eu me apavorei. Estava sendo escondido de nós dados, como por exemplo, desaparecem no Brasil entre 9 e 11 mil crianças por ano. É espiritual, irmãos! Onde estão essas crianças?”, disse Damares.
A ex-ministra relatou que a Ilha do Marajó, no Pará, é foco principal da violência contra crianças e adolescentes. “Fomos para o Marajó, e lá nós descobrimos que nossas crianças estavam sendo traficadas por lá. Marajó faz fronteira com o mundo, Suriname, Guiana”, afirmou.
“Vou contar uma coisa para vocês, que agora eu posso falar. Nós temos imagens de nossas crianças brasileiras, de três, quatro anos, que quando cruzam as fronteiras sequestradas, os seus dentinhos são arrancados, para elas não morderem no sexo oral”, detalhou.
“Essa é a nação que ainda temos irmãos”, continuou. “Descobrimos que essas crianças comem comida pastosa para o intestino ficar livre na hora do sexo anal.”
O missionário Max Dacampo, diplomata humanitário internacional pela Jethro International, que realiza um trabalho com ribeirinhos, confirmou o relato da ex-ministra por meio de suas experiências no campo.
“Muitas pessoas vieram me perguntar sobre o vídeo da Damares, se aquilo era verdade. Eu estive na Turquia trabalhando com crianças refugiadas da guerra da Síria, eu vi e ouvi coisas terríveis, que nem vou falar aqui. Depois da Turquia eu fui para Brumadinho, depois do rompimento da barragem, onde fiquei três anos. Eu vi e ouvi histórias que nem podem passar pela cabeça de vocês.”
E revelou detalhes cruéis: “Eu vi e ouvi histórias sobre crianças do Amazonas terríveis. Histórias de crianças que fazem sexo oral por 5 reais.”
“Por que você nunca ouviu falar disso? Porque você não levanta a bunda da cadeira da sua igreja para saber o que está acontecendo lá fora”, disse Max. “O que mais me dói o coração é saber que tem muita gente que pode ajudar e fazer a diferença, mas não faz nada.”
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A denúncia de Damares repercutiu pela imprensa pelo fato de ter sido apresentada “sem provas”.
Nesta terça-feira (11), a Procuradoria Federal dos Direitos do Cidadão (PFDC), do Ministério Público Federal do Pará (MPF), solicitou que o Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos (MMFDH) informe todas as denúncias recebidas pela pasta, em trâmite ou não, nos últimos sete anos.
Em resposta, o Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos (MDH) esclareceu que as declarações de Damares são fundamentadas em numerosos inquéritos instaurados para apurar fatos gravíssimos praticados contra crianças e adolescentes no país.
A nota diz que o programa Abrace o Marajó foi criado justamente como resposta à vulnerabilidade social, econômica e ambiental e que desde 2020 cerca de R$ 950 milhões foram investidos em iniciativas para o desenvolvimento econômico e social do arquipélago.
“Esta pasta tem total ciência da gravidade do problema e age diuturnamente para combater essa e outras práticas criminosas”, afirma o MDH.
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Para o missionário Max Dacampo, o relato de Damares deve despertar a igreja para se unir e agir. “Sabe qual é o seu chamado? O que te causa indignação. Se isso não te causou indignação, se você não chorou vendo esse vídeo, você não ama ninguém”, disse ele.
“Somos agentes de Cristo na terra, é nossa obrigação lutar contra as injustiças e ajustar o que está errado. Chegou a hora da gente se unir e apoiar os missionários que estão no campo, abandonados, trabalhando com as crianças”, finalizou.