Um obreiro, de 40 anos, foi assassinado a caminho da igreja após ser confundido com miliciano, na comunidade do Catiri, no Rio de Janeiro, na noite de sexta-feira (10).
Francisco de Assis Ricardo de Almeida estava indo para a igreja em que congrega no bairro de Bangu, quando criminosos em um carro atiraram contra ele. Conforme a Polícia Militar, os policiais chegaram no local e encontraram Francisco morto.
Testemunhas relataram que o cristão foi confundido com milicianos da região por estar usando uma roupa preta.
Segundo moradores, traficantes do Comando Vermelho que atuam na região proibiram todos de vestirem roupa preta, já que a cor é usada geralmente por milicianos.
“Como miliciano usa preto e final de semana é cobrança, eles passaram lá e atiraram”, disse uma prima de Francisco, ao G1.
O cristão nasceu na Bahia. Ele estava no Rio de Janeiro há pouco mais de 1 ano em busca de trabalho. “Era um cara trabalhador, gostava de ajudar às pessoas, muito bom de coração”, contou a prima.
Na sexta-feira (10), Francisco se preparava para participar de um retiro de sua igreja durante o final de semana.
A comunidade cristã da região ficou comovida com a tragédia e lamentou a morte do obreiro.
"Hoje, as igrejas de Catiri sentem pela morte do jovem obreiro da casa do Senhor, pois ontem foi confundido por usar roupas pretas. Que essa favela do Catiri possa ter paz", escreveu um morador, nas redes sociais.
Os membros da igreja, em que Francisco frequentava há quatro meses, também expressaram tristeza.
“Muito amado, querido, rapaz de bem”, disse um cristão. Outro membro comentou: “Ele era ótimo. Tão ótimo que está todo mundo muito abalado”.
A líder da igreja declarou: “Eu, como pastora dele, posso dizer que a gente perdeu uma grande ovelha”.
O caso deixou os moradores, que lidam com o crime diariamente, revoltados. “O que vai ser de nós, que nada temos a ver com essa guerra? Não pode usar preto, vermelho, capacete, entrar na rua errada, fazer sinais com as mãos”, desabafou um morador, ao G1.
A região é palco de uma disputa de poder entre a facção criminosa Comando Vermelho e a milícia. A Polícia Civil informou que a Delegacia de Homicídios está investigando o caso.