Sete líderes de igrejas evangélicas no Reino Unido sentiram que tinham que deixar as implicações espirituais claras sobre uma estátua pagã que foi inaugurada em sua cidade.
Eles se uniram para mostrar para a comunidade local o que significava a estátua da “deusa da terra” no centro da Cornualha, mesmo que seus argumentos fossem mal compreendidos.
Segundo Pete Godfrey, pastor da igreja da Light and Life Church (Igreja Luz e Vida) em St Austell, na Cornualha, houve muita controvérsia local sobre a decisão.
“Alguns se opuseram devido o custo (£ 80.000), outros ao seu posicionamento (um memorial de guerra já esteve lá) e outros à aparência da estrutura e à falta de consulta realizada pelo conselho”, explica.
Ele diz que como líderes da igreja de diversas denominações, eles tinham uma escolha a fazer. “Como respondemos? Isso tem realmente alguma coisa a ver conosco?”, questionaram.
Pete diz que no final, ele e seis outros líderes da igreja “nos sentimos compelidos a escrever ao concílio e expressar nossa preocupação com o significado espiritual da estátua”.
Para defender sua obra, a artista disse que a deusa da terra representava “nossas raízes coletivas e eternas com o meio ambiente, a natureza e a mãe terra”.
Valores cristãos
“Ela passou a falar sobre como ele é coberto com chakras (um conceito hindu relacionado à energia no corpo). Estas são declarações de significado espiritual que são incompatíveis não apenas com a fé cristã, mas com muitas outras crenças mantidas pelas pessoas em nossa cidade”, diz Pete.
Pete fala sobre a dificuldade de preservar os valores cristãos em uma sociedade pluralista. Mas defende que seja feito com respeito.
“Vivemos em uma sociedade pluralista que reúne muitas religiões diferentes. A liberdade de religião, o respeito mútuo e a capacidade de discordar bem são todos muito importantes. Mas, para garantir que realmente tenhamos liberdade de religião, isso significa que nenhuma fé ou conjunto de crenças pode ser imposto a outro”, diz.
“Há um lugar para diferentes crenças serem representadas e para eventos através dos quais elas podem ser exploradas, mas uma característica permanente que se instala em um local público deve ser algo que reflita toda a comunidade e que toda a comunidade possa celebrar”, defendeu.
Implicações espirituais
Para ele, os líderes devem assumir a responsabilidade dentro de suas comunidades. “É importante que conscientizemos nossos líderes sobre as implicações espirituais de suas decisões”, diz.
“Acreditamos que é nossa responsabilidade como líderes cristãos, dentro das esferas para as quais fomos designados, falar sobre as implicações espirituais do que fazemos como sociedade”, diz.
“Este é o papel do profeta. No Antigo Testamento, os profetas falaram - muitas vezes com grande custo pessoal - contra a injustiça e a idolatria. Como igrejas, trabalhamos duro para o bem de St Austell de maneira prática e oramos juntos regularmente pelos conselheiros e empresas locais. Desejamos ver nossa cidade abençoada por Deus. E assim, quando se instala uma estátua incompatível com a fé cristã, tivemos que expressar nossas preocupações”, justificou Pete.
Pete diz que os líderes não esperam que seus pontos de vista sejam aceitos por todos - ou mesmo totalmente compreendidos. “Mas sentimos a necessidade de conscientizar nossos líderes sobre as implicações espirituais de suas decisões”.
Sentimento de indignação
Pete diz que “muitos dos conselheiros e líderes para os quais escrevemos se envolveram respeitosamente conosco, mas desde que a história foi divulgada pela mídia, houve um sentimento de indignação por nos atrevermos a falar e expressar nossa fé. Já me perguntaram que direito eu tenho de fazer isso mais de uma vez”.
Ele diz que há uma sensação de que, “ao expressar nossa fé em um Deus criador e como uma estátua representando nossas raízes eternas na mãe terra é ofensiva, estamos de alguma forma impondo nossas crenças aos outros. Isso não é verdade. A realidade é que estamos juntos para proteger nossa cidade como um lugar onde nossa fé cristã é respeitada”.