Depois de três décadas pagando por um crime que não cometeu, Anthony Ray Hinton, de 61 anos, passou a encarar a vida como uma missão. Nos primeiros instantes de liberdade, ele fez questão de dizer ao mundo sobre sua confiança em Deus.
Em 1985, ele foi condenado pelo assassinato de dois funcionários de restaurantes fast-food em Birmingham, no estado americano do Alabama.
Sua única evidência no julgamento foi um conjunto de balas recuperadas da cena do crime — não havia impressões digitais ou depoimentos de testemunhas oculares. Investigadores disseram que as balas combinavam com uma arma encontrada na casa de sua mãe.
O caso de Hinton foi tratado pela organização Equal Justice Initiative, que trabalhou em seu caso por 16 anos e conseguiu comprovar que as balas do crime não coincidiam com a arma de sua mãe. Em 2015, a Suprema Corte dos Estados Unidos revogou sua condenação e retirou todas as acusações contra Hinton.
Logo que deixou a prisão, Hinton fez questão de falar ao mundo sobre Deus. “Todos que estão segurando as câmeras, eu quero que vocês saibam que existe um Deus”, ele declarou aos repórteres no dia em que ganhou a liberdade.
Ele também aproveitou para dizer que continuaria em oração pela família das vítimas. “Vou continuar orando por vocês, assim como fiz durante quase trinta anos. Foi um erro judiciário não apenas para mim, mas para as famílias da vítima também”, disse Hinton.
Apesar dos abusos que enfrentou no processo de julgamento e na prisão, Hinton destacou que tem orado pelas autoridades e todos os que estiveram envolvidos no caso.
“Eu tenho orado a Deus pelo promotor, pelo juiz e especialmente pelas vítimas”, ele afirmou em seu livro The Sun Does Shine: How I Found Life and Freedom on Death Row (“O Sol Brilha: Como Encontrei Vida e Liberdade no Corredor da Morte”, em tradução livre).
“Jesus foi processado e acusado falsamente por coisas que não fez, mas tudo o que Ele fez foi tentar amar e salvar este mundo. Ele morreu e sofreu. Se eu tiver que morrer por algo que não fiz, que assim seja. Minha vida não está nas mãos do juiz. Minha vida está nas mãos de Deus”, ele acrescentou.
Embora tenha vivido anos difíceis, Hinton observa que não carrega ressentimentos. “A amargura mata a alma”, disse ele à ABC News logo após ser libertado. “Eu não posso odiar porque minha Bíblia me ensina a não odiar. O que me ajudaria odiar?”