Uma das sobreviventes do massacre na Escola Raul Brasil, em Suzano, está com o coração repleto de gratidão a Deus. Letícia de Mello Nunes, de 15 anos, recebeu alta nesta quinta-feira (14) do Hospital Santa Marcelina, em Itaquaquecetuba, após ser baleada na região lombar.
Os dois assassinos mataram oito pessoas na última quarta-feira (13), entre funcionários da escola, alunos e o tio de um deles, Guilherme Taucci Monteiro, de 17 anos, que depois atirou no comparsa, Luiz Henrique de Castro, de 25 anos, e então se matou.
Letícia lembra que, na hora do ataque, não percebeu que tinha sido atingida. O que chamou sua atenção foi a conversa entre os criminosos durante o massacre. “Ele falava para ir pra outro lugar, para matar outras pessoas, não só a gente que estava ali”, contou a jovem ao jornal SPTV, da Globo.
Mesmo em meio às marcas da tragédia, Letícia dedica sua gratidão a Deus. “Eu vi um versículo na Bíblia, Salmos 91:7, que diz: ‘Mil cairão ao teu lado, e dez mil à tua direita; mas tu não serás atingido’ e eu vivi isso. E foi isso que aconteceu comigo. Eu me inspiro muito nisso”, disse emocionada.
A mãe da adolescente, Valéria, está aliviada por ter a filha de volta à casa. “Com certeza é um alívio, primeiramente de Deus, primeiro lugar Ele, que protegeu ela porque poderia estar com as outras mães chorando”, afirmou.
Letícia continua tendo esperanças para o futuro: “Não é porque aconteceu isso na escola que meu sonho destruiu. Não. Vai continuar”, ressaltou. “Queria muito me formar em astronomia. Eu gosto de estudar isso desde pequeninha. É algo grande, mas para Deus nada é impossível”.
Outros sobreviventes
O massacre deixou onze feridos, que estão sendo atendidos por equipes especializadas dos hospitais estaduais HCFMUSP, Luzia de Pinho Melo, Geral de Itaquaquecetuba, Santa Casa de Misericórdia de Suzano e pelo hospital particular Santa Maria. Além de Letícia, Leonardo Vinícius Santana e Beatriz Gonçalves Fernandes também tiveram alta nesta quinta.
José Vitor Ramos Lemos, aluno que levou golpe de machado, sobreviveu a ataque em Suzano. (Foto: Reprodução/TV Globo)
Foi para o Hospital Santa Maria, que fica perto da escola, que correram os primeiros feridos. Dois feridos continuam internados na unidade: Samuel Silva Félix, de 14 anos, e José Vitor Ramos, que chegou com uma machadinha cravada no ombro.
“E você com um negócio enfiado no peito sem saber o que perfurou, o que aconteceu, e o que vai acontecer daqui para frente. Você pensa na morte”, contou José Vitor.
O boletim médico divulgado nesta quinta informou que o estudante precisa de ajuda psicológica porque tem receio de deixar o hospital. “Eu acho que não vai dar mais para eu entrar naquela escola e não sentir o que eu vi. Porque é bem forte mesmo. Bem por dentro de mim que afeta”, desabafou.