O presidente dos EUA, Donald Trump, afirmou ao programa Just the News na manhã de domingo (23) que pretende classificar a Irmandade Muçulmana como organização terrorista.
“Será feito nos termos mais fortes e contundentes”, disse ele. “Os documentos finais estão sendo elaborados.”
De acordo com o Just the News, Trump vem articulando essa mudança desde seu primeiro mandato na presidência.
Segundo o programa, a ação de Trump desfere um golpe contra o grupo que há muito tempo tem sido responsabilizado por desestabilizar o Oriente Médio e radicalizar jovens muçulmanos.
Israel parabeniza Trump
O primeiro-ministro Benjamin Netanyahu e o Instituto para o Estudo Global do Antissemitismo e Política (ISGAP, sigla em inglês) agradeceram a Trump pelos planos de designar a Irmandade Muçulmana como organização terrorista.
Após a morte de Haytham Ali Tabtabai, segundo em comando e líder militar do Hezbollah, pelas Forças de Defesa de Israel (IDF, sigla em inglês) na tarde de domingo (23), Netanyahu, em discurso, agradeceu a Trump pelos planos já anunciados.
“Parabenizo o presidente Trump por ter proibido a Irmandade Muçulmana. Esta é uma organização que põe em risco a estabilidade no Oriente Médio e em outras regiões. É por isso que o Estado de Israel proibiu partes da organização e continuará a fazê-lo”, disse ele.
O ISGAP também elogiou o anúncio de Trump, destacando em comunicado divulgado no domingo que “a ameaça representada pela ideologia da Irmandade Muçulmana está agora sendo tratada com a devida seriedade”.
O instituto já havia divulgado um relatório de 200 páginas detalhando a “campanha ideológica da Irmandade Muçulmana para explorar as liberdades dos Estados Unidos e de outras nações aliadas ocidentais, além de minar as práticas e a cultura democráticas por dentro”.
O ISGAP é dedicado à pesquisa e ao enfrentamento do avanço global do antissemitismo, por meio de estudos acadêmicos de alta qualidade que servem de referência para pesquisadores e formuladores de políticas.
“Uma designação formal nos EUA representaria um primeiro passo importante para confrontar a Irmandade Muçulmana nos Estados Unidos”, continuou a declaração.
“Isso exigirá políticas sustentadas e baseadas em evidências, uma análise rigorosa de suas estruturas afiliadas e fontes de financiamento, além de investimentos de longo prazo na resiliência democrática.”
Outras ações contra grupos muçulmanos nos EUA
A declaração de Trump foi feita poucos dias após o governador do Texas, Greg Abbott, anunciar que pretende classificar a Irmandade Muçulmana e o Conselho de Relações Americano-Islâmicas (CAIR) como organizações terroristas estrangeiras e grupos criminosos transnacionais.
“A Irmandade Muçulmana e o CAIR deixaram claros seus objetivos há muito tempo: impor à força a lei da Sharia e estabelecer o ‘domínio do Islã sobre o mundo’”, disse Abbott em um comunicado à imprensa.
“As ações tomadas pela Irmandade Muçulmana e pelo CAIR para apoiar o terrorismo em todo o mundo e subverter nossas leis por meio de violência, intimidação e assédio são inaceitáveis.”
E afirmou: “Hoje, designei a Irmandade Muçulmana e o CAIR como organizações terroristas estrangeiras e organizações criminosas transnacionais. Esses extremistas radicais não são bem-vindos em nosso estado e agora estão proibidos de adquirir qualquer interesse em propriedade imobiliária no Texas.”
O senador Ted Cruz, republicano do Texas, e outros copatrocinadores republicanos do Senado apresentaram um projeto de lei em julho que determinaria a Irmandade Muçulmana como uma organização terrorista estrangeira (FTO, sigla em inglês).
“A Irmandade Muçulmana é uma organização terrorista e oferece apoio a ramos da Irmandade Muçulmana que são organizações terroristas. Um desses ramos é o Hamas, que em 7 de outubro cometeu o pior massacre de judeus em um único dia desde o Holocausto, que incluiu o assassinato e sequestro de pelo menos 53 americanos”, disse Cruz recentemente.
Em julho, os deputados Mario Díaz-Balart (republicano da Flórida) e Jared Moskowitz (democrata da Flórida) reapresentaram a Lei de Designação de Terroristas da Irmandade Muçulmana de 2025, afirmando que ela “estabelece uma estratégia modernizada para classificar a Irmandade Muçulmana global como grupo terrorista”.
Sobre a Irmandade Muçulmana
A Irmandade Muçulmana é um movimento islâmico fundado no Egito em 1928 por Hassan al-Banna, com o objetivo de promover a aplicação da lei islâmica (Sharia) na vida política e social.
Originalmente, surgiu como uma organização religiosa e social, mas ao longo do tempo ganhou relevância política, tornando-se uma força influente em diversos países do Oriente Médio. Seu ideário defende que o Islã deve ser a base para governança e sociedade, o que levou a críticas e confrontos com governos seculares.
Ao longo das décadas, a Irmandade Muçulmana esteve envolvida em atividades políticas, sociais e, em alguns casos, foi acusada de apoiar grupos extremistas.
Embora tenha participado de processos democráticos em países como Egito, onde chegou a eleger um presidente em 2012, sua atuação é vista com desconfiança por muitos governos, que a consideram uma ameaça à estabilidade regional.
Diversos países do Oriente Médio já adotaram medidas contra a Irmandade Muçulmana: Egito e Jordânia proibiram o grupo, enquanto Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos e Bahrein o classificaram como organização terrorista.
