Com produção de Kleyton Martins, No caminho do milagre é o terceiro álbum solo do cantor, sendo o primeiro lançado pela gravadora Som Livre, em agosto de 2011. O álbum contém 14 canções, sendo uma mescla de seus períodos no Toque no Altar, no Trazendo a Arca, seu ministério solo, além de duas canções inéditas.
Davi, como se sabe, vem de uma carreira, embora não longa, mas de sucesso, desde seu início no Ministério Apascentar, de Nova Iguaçu/RJ. Em 2007 ele, junto de outros integrantes do ministério, decide sair e criar um próprio, chamado de Trazendo a Arca. Paralelo a isso, em 2008 ele lança-se em carreira solo, com o CD Deus não falhará. Dois anos depois lança o CD Confio em ti. Isso tudo foi suficiente para que a Som Livre, recém ingressa no projeto de música gospel, se interessasse em tê-lo na sua gravadora. Mesmo tendo contrato com a Art Music, que previa o lançamento de três CDs com o selo (o terceiro e último seria o CD Às margens do teu rio), a parceria foi aceita e o contrato assinado.
Para iniciar com o pé direito a sua fase, a Som Livre decide lançar de uma só vez um CD e DVD ao vivo. O lugar escolhido? A Via Show, casa de shows conhecida em todo o Rio de Janeiro. O repertório escolhido seria uma mescla dos principais sucessos dos seus CDs solo e de suas participações no Toque no Altar e no Trazendo a Arca. E para completar, ainda foram compostas duas canções inéditas – uma delas carregada no título do CD. Um total de 22 canções. Mas – para nossa tristeza – algumas tiveram que ser deixadas apenas no DVD, restando ao CD pouco mais da metade delas. Foi dia 7 de junho de 2011.
Começamos a análise com um pout-pourri – aliás, essa parte se tornou uma marca nos shows de Davi Sacer. Temos inicialmente Alfa e ômega, que nada mais é do que o coro da canção de mesmo nome, cantada por Régis Danese no seu CD O melhor que eu tenho. Simplesmente ficou perfeito, se encaixou perfeitamente na voz de Davi, e o backing por trás deu o acabamento. Depois de uma rápida ministração, muito, muito pesada, cheio da bateria de Eraldo Santos, temos Tu és bem vindo, que foi a abertura cantada no último CD de Sacer. Melhor ainda! Sem palavras.
Sem perder o pique, direto pra O chão vai tremer, que, conforme as suas regravações, foi ganhando mais peso. Aqui temos uma versão bem mais empolgada que a original. Cheio de bateria e com ótimos toques de metais. A voz de Sacer é muito bem colocada e cheia de animação. O backing se apresenta, mas não com tanta grandiosidade como em outros momentos. Excelente momento pra pular bastante. Ótimo.
Continuamos com Toque no altar, que ganha muitos metais, principalmente na introdução dela – aliás, a introdução já é bem animada. A canção, que tem uma estrofe não muito longa, é mais rápida que a original. O solo no meio da canção, carregado da guitarra do Davidson Baketa, foi um toque bem interessante dado a ela. Tá bom demais!
Pra continuar na mesma pegada, vamos com Toda sorte de bênçãos, que, assim como a original, tem muito de metais. Bela participação do backing vocal – que é formado pelo quinteto Alyne Marçal, Dennis Cabral, Diego Viana, Vania Lima e o Daniel Carvalho (vulgo Scooby). A pegada da música é muito interessante, um pouco mais forte e rápida que a original. Novamente – o que se tornou uma marca – o velho coro “Eu sou livre, eu posso dançar... Eu sou livre...”. E ainda pra completar, uma bela ministração de Davi, levando a um final primoroso. Sem dúvida, as três canções foram excepcionalmente colocadas aqui.
Prosseguimos com a bela Olha pra mim, que tem um início muito belo, não só na introdução, mas também na condução da estrofe apenas no piano. Os toques da orquestra de cordas são muito bem colocados. A participação de Verônica Sacer foi boa – embora achei que a sua segunda ficou acima da primeira de Sacer em alguns momentos. A canção carrega uma belíssima letra. Muito bom.
Maior tesouro, que na verdade foi uma regravação, ganhou muito mais destaque e qualidade com Davi. A letra é muito bonita, com arranjos não muito fortes, cheios de piano e cordas. Novamente, um belo duo com Verônica, embora entre na mesma questão da música anterior – um pouco menos. O aumento do tom é excepcional, dá um toque muito positivo no final dela.
A canção Sobre as águas, cuja versão é infinitamente melhor do que a de Soraya Moraes, não só na qualidade como na emoção, é uma das mais belas de sua carreira. A interpretação de Davi beira a perfeição, principalmente no coro dela. Bela interpretação de Verônica, novamente – aliás, ao longo do tempo a voz dela vem ganhando mais qualidade ainda. A parte que se canta “Aleluia, aleluia” é de se arrepiar. Canção linda demais!
Uma das canções inéditas é O Deus que surpreende, que foi apresentada no início do ano em uma campanha no Ministério Apascentar. Tem uma introdução bem interessante, no teclado e com alguns toques de cordas. A letra é bem legal, com uma mensagem bela. A interpretação de Davi é excelente. O backing muito bom, apenas dando o apoio a Sacer, Os arranjos, com o arranjo de cordas, são ótimos.
Continuamos com Me rendo - eu particularmente acho que poderia ser sido escolhida outra canção no lugar dessa, no CD. É uma canção que fica só no piano, com alguns toques apenas de cordas. A interpretação no coro é excelente, muito bem feita por Davi e pelo backing. A canção é muito linda, não só na letra simples e curta, mas no conjunto de arranjos.
Outra bela canção é Tua graça me basta, com uma bela introdução apenas no piano. A interpretação de Davi na estrofe é bem suave, sem grandes variações. Os arranjos seguem o original, embora sejam bem carregados de cordas. A bateria, principalmente no coro, é bem pesada – não curti muito. Bons toques de guitarra. Novamente, boa interpretação de Verônica em duo com Davi.
A minha favorita do CD é a faixa-título, No caminho do milagre. Uma introdução bem leve, perfeita para levar a estrofe que é leve, inicialmente só no teclado e depois com todos os arranjos e vozes. O peso da canção é guardado pro coro, com uma interpretação primorosa de Davi, linda demais. A letra é linda: “Não te deixarei sem meu milagre ter. Clamarei até tua atenção chamar. Se preciso uma multidão romper, romperei só pra te tocar...”. O pós-coro dela é muito bem executado e cantado. Excepcional canção!
Outra canção marcante é Restitui, que carrega novamente bastante das cordas. Sua condução inicial é só no piano. Novamente, ao longo dela, vai ganhando um peso, maior do que se ouve na versão original. A força das vozes durante ela é muito interessante, principalmente conforme o andamento da canção. A ministração no final da canção é perfeita, encerrando-a com chave de ouro, sem dúvidas.
Marca da promessa é daquelas canções que marcam, com o passar dos anos. A versão desse CD ficou bem parecida com a original, não só na voz excepcional – principalmente no coro – como também nos arranjos, que ganharam pouquíssimas mudanças. As ministrações ao longo dela deram um toque bem especial. Novamente, bela apresentação da bateria.
Pra encerrar muito bem esse CD, temos Deus de promessas, que também segue bem o original. Novamente, um belo dueto do piano com a voz de Sacer no início. A atmosfera do local, desde o início é simplesmente fantástica. A ministração no final, cantando “Vai se cumprir, vai se cumprir” é simplesmente maravilhosa e perfeita. Impecável!
Sem dúvida alguma, esse álbum reúne o melhor de um dos melhores cantores da música gospel brasileira. Ao longo de seu ministério, Davi carrega não só uma qualidade em suas músicas e sua voz, como também canções que marcam – até hoje. Não dá pra deixar de ter esse álbum em casa.
por Jonatha Cardoso