Os economistas dos bancos consultados pelo Banco Central mantiveram, na última semana, a previsão de que a taxa básica de juros da economia brasileira, atualmente em 11,50% ao ano, voltará a recuar nesta semana, quando se reúne o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central. A reunião está marcada para esta terça e quarta-feiras (29 e 30). Segundo o relatório de mercado, também conhecido como Focus, documento do BC que é fruto de pesquisa da autoridade monetária com os economistas dos bancos, divulgado nesta segunda-feira (28), a expectativa do mercado financeiro é de um novo corte de 0,5 ponto percentual nos juros, para 11% ao ano. Para o fechamento de 2012, a previsão do mercado para os juros continuou em 10% ao ano - o que pressupõe novos cortes no ano que vem.
Se confirmada a redução desta semana, será a terceira consecutiva. Após elevar a taxa básica em cinco reuniões no começo de 2011, para tentar conter o crescimento da inflação, o Banco Central realizou dois cortes nos últimos meses, em agosto e outubro, por conta dos efeitos da crise financeira internacional sobre os preços. O BC argumenta que a crise tem "efeito desinflacionário".
Metas de inflação
Pelo sistema de metas de inflação, que vigora no Brasil, o BC tem de calibrar os juros para atingir as metas pré-estabelecidas. Neste momento, a autoridade monetária já está nivelando a taxa de juros para atingir a meta do próximo ano.
Para 2011 e 2012, a meta central de inflação é de 4,5%, com um intervalo de tolerância de dois pontos percentuais para cima ou para baixo. Deste modo, o IPCA pode ficar entre 2,5% e 6,5% sem que a meta seja formalmente descumprida. O BC busca trazer a inflação para o centro da meta de 4,5% em 2012.
Inflação
Os economistas das institiuções financeiras também subiram, na última semana, a estimativa de inflação do mercado financeiro para este ano, que passou de 6,48% para 6,49%, dentro do sistema de metas de inflação do Banco Central, de 6,50%. A previsão para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de 2012, por sua vez, subiu de 5,55% para 5,56%.
Crescimento menor
A estimativa dos economistas dos bancos para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) de 2011 caiu de 3,16% para 3,10%. Para 2012, a previsão do mercado de crescimento da economia brasileira recuou de em 3,50% para 3,46%. Os ajustes para baixo na previsão do PIB começaram a acontecer após a piora da crise financeira internacional, com a revisão para baixo da nota dos Estados Unidos pela Standard & Poors.
Nesta edição do relatório Focus, a projeção do mercado financeiro para a taxa de câmbio no fim de 2011 permaneceu estável em R$ 1,75 por dólar. Para o fechamento de 2012, a previsão do mercado financeiro para a taxa de câmbio ficou inalterada em R$ 1,75 por dólar.
Balança comercial
A projeção dos economistas do mercado financeiro para o superávit da balança comercial (exportações menos importações) em 2011 subiu US$ 28 bilhões para US$ 28,22 bilhões na semana passada.
Para 2012, o BC revelou nesta segunda-feira que a previsão dos economistas para o saldo da balança comercial baixou de US$ 18 bilhões para US$ 17 bilhões de superávit.
No caso dos investimentos estrangeiros diretos, a expectativa do mercado para o ingresso de 2011 ficou estável em US$ 60 bilhões. Para 2012, a projeção de entrada de investimentos no Brasil permaneceu inalterada em US$ 55 bilhões.