Na mesma região, a H2Ondina Distribuidora de água Potável vive situação semelhante. “Desde o começo do mês, estamos com demanda em alta, tanto de empresas quanto de pessoas físicas”, diz a responsável pelas vendas, Neiva Rodrigues. Moradores e comerciantes dos bairros da Lapa, Vila Leopoldina e Pinheiros e de municípios vizinhos, como Osasco e Carapicuíba, são os principais clientes. A maioria dos pedidos é para encher piscinas e tanques de residências e restaurantes. O carregamento de 12 mil litros sai por R$ 400.
Na empresa Z Morumbi Transporte de Água potável, na zona sul, o consumidor paga R$ 400 por 10 mil litros. Segundo a companhia, a procura aumentou em torno de 10%. De acordo com porta-voz da empresa, na região, a falta de água ocorre apenas em alguns períodos e muitos esperam para usá-la na hora em que chega.
Em Atibaia, ao norte de São Paulo, um dos dez municípios que dependem do Sistema Cantareira, foi aberta há dois meses a Tec Sonda Poços Artesianos, que teve crescimento expressivo nesse curto período. Embora não saiba dimensionar o crescimento, o supervisor da empresa, Carlos Moura, afirma que é grande. A Tec Sonda Poços Artesianos limita o fornecimento de água a locais situados a até 150 quilômetros da sede. Os preços variam de R$ 250, o caminhão-pipa com 10 mil litros para entrega na própria cidade, a R$ 700, para encomendas fora do município, com o valor dependendo da distância.
A construção de poços artesianos também cresceu no primeiro semestre deste ano. Segundo o Departamento de Águas e Energia Elétrica (Daee), as emissões de licenças cresceram de 456, no passado, para 515 de janeiro até agora. De acordo com o Daee, o crescimento vem sendo gradativo nos últimos cinco anos. O total de poços cadastrados até setembro em todo o Estado somavam 27.312, sendo 2.082 apenas na capital. Em 2011, eram 20.362; em 2012, 22.623; e, em 2013, 25.556.
O aquecimento que se verifica em relação aos caminhões-pipa também ocorre na venda de água mineral em supermercados e nas empresas que fornecem os galões de plástico, informou o presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Gêneros Alimentícios do Estado de São Paulo (Sincovaga), Álvaro Furtado.
Furtado informou que, desde maio, quando começou a ser usado o chamado volume morto, ou reserva técnica, do Sistema Ccantareira, a demanda cresceu e vem se intensificando nos últimos dias com as notícias sobre o uso da segunda cota da reserva técnica. Segundo ele, ainda não existe um levantamento preciso sobre esse avanço. Assim que teve início o uso da reserva, fornecedores têm dito que já receberam 10% a mais de pedidos. “Com o calor excessivo e a ameça de falta d'água, a tendência é aumentar a bastante procura”, concluiu Furtado.
Procurada, a Associação Brasileira da Indústria de Águas Minerais (Abinam) informou que não tem havido aumento de encomendas que possa ser associado ao período de estiagem prolongada e que não há risco de falta do produto no mercado. Para a Abinam, alguns estabelecimentos, porém, podem não ter tido estoque suficiente para atender à maior procura dos últimos dias provocada pelo calor excessivo.
Ainda conforme a Abinam, o setor tem crescido ano a ano e registrou, só no ano passado, uma alta de 14,5%. No entanto, acrescenta a entidade, essa expansão resulta mais da busca da população por melhor qualidade de vida do que de efeitos sazonais do clima e da eventual falta na distribuição de água dos sistemas de abastecimento. Entre dezembro do ano passado e março deste ano, o setor vendeu 30% mais.