Levantamento em 200 escolas municipais de São Paulo indica que metade das unidades aderiu à greve dos professores, iniciada há 22 dias.
A amostra consultada pela Folha ontem e anteontem, por telefone, representa 15% do total de creches, pré-escolas e colégios da rede --52% afirmaram que havia alguma paralisação; 10% delas, que a unidade parou totalmente.
A própria prefeitura admite que há alguma paralisação em 28% das escolas.
Mas ela diz que a adesão em número de educadores é pequena. O principal sindicato da categoria fala em 55% das unidades em greve.
Os levantamentos apontam que a mobilização dos professores teve reflexos diretos que afetam a rede.
O realizado pela Folha inclui escolas de cada uma das 13 diretorias de ensino --das diversas regiões da cidade.
Hoje haverá assembleia dos professores no centro para definir se a greve continua. A gestão do prefeito Fernando Haddad (PT) diz que ela está enfraquecendo -para o sindicato, está aumentando.
Esse é o primeiro embate de Haddad com o funcionalismo municipal e uma das primeiras crises enfrentadas pelo governo desde janeiro.
Uma das principais reivindicações dos professores é um aumento salarial imediato de 17%, referente às perdas inflacionárias desde 2011 --além do que já havia sido acordado pela gestão anterior, de Gilberto Kassab (PSD).
O governo Haddad afirma que concedeu 10% neste mês e que dará mais 13% no ano que vem, cumprindo o que havia sido aprovado em 2010.
"Eles estão apenas cumprindo a lei", disse o presidente do Sinpeem (maior sindicato da categoria), Claudio Fonseca. Além de não ser um reajuste novo, o sindicato reclama que os percentuais foram corroídos pela inflação.
"Prometer é fácil. Nós estamos cumprindo o prometido", afirmou o secretário de Educação, Cesar Callegari.
O secretário de Educação classificou a greve como "precipitada e injusta", pois começou antes do início das negociações com sua pasta.
A prefeitura afirma que tem conseguido mostrar aos professores nos últimos dias as melhorias que vão ter.
Segundo o município, na última sexta, 20 mil dos 68 mil professores faltaram (diariamente, a média é de 7,5 mil). Ontem, foram 10 mil.
Essa redução, na visão da gestão Haddad, indica que a greve está perto do fim.
Já Fonseca diz que a insatisfação aumentou depois que a prefeitura divulgou que descontaria os dias parados.