Nada de algazarra no início das aulas enquanto o professor faz a chamada para conferir quem faltou. O controle de presença dos alunos na Escola Estadual Osvaldo Martins, em Osvaldo Cruz (SP), é feito pela digital do estudante, que pressiona o dedo num leitor biométrico quando chega ao colégio. A partir do início do próximo ano letivo, os pais passarão a receber também mensagens no celular toda vez que o filho cabular aula.
A ideia é diminuir ainda mais o índice de faltas na escola, que é baixo, segundo o diretor da escola, Sidney Zenaro, 51 anos. Dos cerca de 650 estudantes, matriculados do 6º ano do ensino fundamental até o terceiro ano do ensino médio, há, normalmente, 30 ausentes por dia.
''Quando eu assumi a direção da escola, em 2002, havia 239 alunos. Diariamente, 40% faltavam. Eles saiam de casa com o material e não entravam na escola'', lembra Zenaro. ''Em 2003, tive uma ideia e adotamos um cartão magnético, o que já ajudou a reduzir o índice de ausência''.
No entanto, Zenaro conta que muitas crianças esqueciam o cartão em casa. ''Precisávamos aprimorar e, por isso, o controle mudou para a digital em fevereiro deste ano''. Os dados do leitor biométrico são passados para o computador e uma lista com os alunos presentes e ausentes é levada para os professores de cada classe conferirem. ?Contratei uma empresa que desenvolveu um software específico. É algo muito simples, na verdade''.
O custo de implantação, que inclui a compra de relógios para colher as digitais e o software, ficou em torno de R$ 10 mil, de acordo com Zenaro. ''É um custo viável para a escola, porque não há despesas extras depois. Compensa muito'', afirma.
Os pais recebiam por carta o aviso da falta do filho. A partir do ano que vem, os dados com os presentes e ausentes serão passados para a internet, de onde será feito o envio das mensagens para os celulares. O diretor da escola acredita na eficácia da medida. ''Fizemos uma pesquisa entre os pais e constatamos que 93% tinham celular. Vamos mandar mensagens para todos os que tiverem nos autorizado. O pai saberá imediatamente o que acontece com o seu filho''.
Zenaro conta que essas medidas ajudaram a estimular a participação dos pais nos estudos dos filhos. ''Na primeira reunião de pais que fizemos, em 2002, quando havia 239 alunos, somente 9 pais foram ao encontro. Foi a maior decepção. Mas, na última reunião que fizemos neste ano, 430 pais e mães estiveram presentes. É muita gente''.
Mais aula
Outro benefício com a implantação do sistema eletrônico é o ganho de tempo na aula, na opinião de Zenaro. ''Os professores perdiam quase dez minutos em todo início de aula para fazer a chamada. Virava uma bagunça''.
Zenaro chegou a fazer o cálculo do tempo perdido: os dez minutos do início de cada uma das seis aulas somavam quase uma hora diária. Multiplicada por 200 dias letivos, eram 200 horas por ano a menos de matéria dada. Nos sete anos que o aluno estudasse naquela escola (que vai do 6º ano do ensino fundamental ao 3º ano do ensino médio), seriam 1.400 horas no total. ''É muita hora de aula jogada fora''.