A cerejeira está em Miharu, no Japão, há mais de mil anos, dizem os agricultores locais, florescendo a cada ano, apesar de nevascas, terremotos e, agora, um desastre nuclear.
A cidade, porém, pode não ser tão resistente. As milhares de pessoas que vêm aqui todos os anos para ver a cerejeira, uma das três árvores mais velhas do país e um conhecido monumento nacional, devem ficar longe este ano, com medo do acidente da usina nuclear de Fukushima Daiichi, que fica a apenas 48 quilômetros de distância. Essa árvore sobreviveu a muitos desastres", disse Masayoshi Hashimoto, 85 anos, um produtor de legumes locais cuja safra desse ano foi considerada intoxicada pela radiação. "Ela pode sobreviver ao acidente nuclear, mas a cidade não", disse ele.
Sakura, ou a estação das cerejeiras, atinge o seu auge nesta semana junto à costa de Tohoku, região que ainda se recupera do terremoto e tsunami que atingiram o país no dia 11 de março e do acidente na usina Daiichi Fukushima.
Apesar de muitas árvores cerejeiras na zona de desastre terem sobrevivido, é muito provável que levará anos para reconstruir a indústria do turismo que girava em torno delas, advertiram as autoridades. Fonte de renda
Em Miharu, a cerejeira tem sido uma importante fonte de renda para uma comunidade agrícola cada vez mais envelhecida. Cerca de 300 mil pessoas invadiram a cidade para ver a árvore de 40 metros no ano passado, gastando generosamente em pousadas e restaurantes locais, bem como em produtos.
Neste ano, a cidade espera que o número de visitantes caia em cerca de 80%. Embora a cidade não tenha sido afetada pela zona de isolamento, que é agora é de um raio de 20 a 30 quilômetros ao redor da planta de Fukushima, os visitantes "irão preferir a segurança de ficar longe", disse Susumu Yamaguchi, um oficial de turismo da prefeitura de Miharu. "Esse será um grande golpe para nós", disse ele.
Em uma tentativa de atrair visitantes, a cidade aboliu sua taxa de US$ 3,60 para visitar a árvore e tem feito propaganda ostensiva na mídia. "Não haverá qualquer multidão este ano, não haverá congestionamento de trânsito", disse o prefeito de Miharu, Yoshinori Suzuki, a um jornal local.
Ajudado por um tempo ensolarado no domingo, a árvore atraiu uma multidão de visitantes maior do que o esperado, embora ainda menos do que o normal, segundo oficiais.
Asuka Kimura, 29 anos, uma dona de casa e mãe de quatro filhos da cidade vizinha de Iwaki, disse que a emoção de um passeio para ver a cerejeira em Miharu tinha superado as suas preocupações com a radiação. "As crianças brincaram dentro de casa por tanto tempo", disse ela. "Hoje nós estamos passando o dia fora, só por um dia.