Responsável pelas tropas dos 19 países da Missão de Estabilização das Nações Unidas no Haiti (Minustah), inclusive as do Brasil, o general brasileiro Luiz Guilherme Paul Cruz afirmou em entrevista por telefone ao G1 que, neste momento, não é possível prever quando começará a diminuir a presença militar internacional no Haiti.
No ano passado, o Brasil aumentou de 1,3 mil para 2,6 mil o contingente militar no país. A expectativa de começar uma retirada gradual das forças militares a partir de 2011, como era previsto antes do terremoto, não deverá se concretizar, segundo Paul Cruz. "A resolução do Conselho de Segurança [da ONU] me determina fazer uma avaliação da questão de segurança e estabilidade para propor uma possível redução dos efetivos daqui. Eu não trabalho com datas, disse o general ao G1 , por telefone.
Segundo ele, só após o país conseguir uma estabilidade política, com um novo presidente empossado, será possível visualizar os próximos passos da missão.
Responsável pela segurança do país, a Minustah tinha previsão de reduzir seu contingente a partir de 2011, com a qualificação da polícia do Haiti. O terremoto, porém, vitimou policiais e atrasou os treinamentos. Com previsão de chegar a 2011 com 14 mil homens nas ruas, a polícia do Haiti é integrada no começo deste ano por pouco mais de 6 mil policiais.
Nem mesmo o embaixador do Brasil no país, Igor Kipman, um dos defensores da retirada gradual das tropas, faz estimativas. "A decisão é do Conselho de Segurança das Nações Unidas. A discussão da nova resolução vai ocorrer em outubro. Não sabemos o que vai acontecer até outubro. Para o general responsável pela Minustah, apenas após a estabilização de um novo governo poderá haver uma previsão de saída gradual das forças militares. A eleição presidencial do Haiti, que ocorreu em novembro passado sob uma série de denúncias de fraudes, ainda não tem data para o segundo turno.
Nós depositamos grande esperança na realização das eleições para que se tenha a renovação do governo, que se tenha um governo legítimo e que seja interlocutor da comunidade internacional e que leve os projetos a cabo. Sem isso, vai ficar difícil, afirmou Cruz.
Na análise do general, a própria instabilidade política do país dificulta a realização das ações de reconstrução do país.
Hoje dependemos fundamentalmente de um governo organizado, que possa levar adiante seu papel de reconstrutor do Haiti.
Durante o ano passado, o atual governo sofreu muito. Ele teve uma perda importante, viveram na administração de crise diária, e ficou muito difícil para que eles apresentassem resultados mais sólidos. É algo que a gente entende, mas que queria que tivesse tido mais rendimento. Mas é a história. Isso aqui é um país soberano, tem um governo, uma organização e não podem simplesmente chegar os estrangeiros e dizerem que vai ser de uma forma ou de outra, disse.