A Alta Comissária das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Navi Pillay, insistiu nesta sexta-feira (2) na "necessidade urgente" de que o governo da Síria "preste contas" por crimes contra a humanidade, ao abrir uma sessão especial do Conselho de Direitos Humanos da ONU em Genebra.
Pillay recordou as conclusões do relatório divulgado na segunda-feira pela comissão internacional de investigação, com mandato do Conselho de Direitos Humanos, que denuncia crimes contra a humanidade cometidos pelas forças de segurança sírias. O brasileiro Paulo Sérgio Pinheiro, chefe da comissão, afirmou que as forças de segurança sírias causaram a morte de 56 crianças em novembro, o mês mais violentos desde o início dos protestos no país.
"Segundo fontes confiáveis, até agora 307 crianças foram mortas pelas forças de segurança. Novembro foi o mês mais letal, com 56 crianças mortas", declarou Paulo Pinheiro na reunião.
Os peritos da comissão, que não foram autorizados a entrar no território sírio, conversaram com 223 parentes de vítimas, testemunhas e desertores do Exército sirio, entre os meses de setembro e novembro.
Pinheiro disse ter compilado provas sólidas que mostram que crianças figuravam entre as vítimas de tortura e assassinados atribuídos a forças de segurança sírias.
A ONU calcula que 4.000 pessoas morreram durante a violenta repressão iniciada em março. A Alta Comissária da ONU para os Direitos Humanos, Navi Pillay, advertiu na véspera que o país está "à beira da guerra civil".
"O extremo sofrimento da população, dentro e fora da Síria, deve ser tratado como uma questão de urgência", afirmou Pinheiro.
O Conselho de Direitos Humanos deve se pronunciar durante o dia sobre um projeto de resolução elaborado pela União Europeia que prevê uma condenação das "graves violações sistemáticas dos direitos humanos" cometidos pelas autoridades sírias.