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Vitória de oponentes de presidente enfraquecerá sua posição para corrida presidencial de 2013; comparecimento teria sido de 67%Rivais conservadores do presidente Mahmud Ahmadinejad lideram na corrida para o Parlamento, de acordo com resultados preliminares divulgados neste sábado, uma indicação de que o líder iraniano pode enfrentar uma Casa mais hostil nos últimos 18 meses de seu segundo mandato.
O forte desempenho de partidários do líder supremo aiatolá Ali Khamenei, 72, nas eleições legislativas de sexta-feira também reflete um forte apoio à teocracia do país persa e à sua forte posição no impasse com o Ocidente sobre o programa nuclear iraniano. Khamenei havia pedido que os eleitores comparecessem em massa, para mandar uma mensagem de desafio aos "poderes arrogantes que estão nos intimidando". A maioria dos reformistas consideram as eleições uma farsa.
Votação: Khamenei pede alto comparecimento às urnas na eleição parlamentar do Irã
Apuração na manhã deste sábado na capital do país, Teerã, mostra que os partidários de Khamenei têm vantagem na votação. Resultados parciais de cidades provinciais também mostram que os rivais conservadores de Ahmadinejad foram eleitos. De acordo com a mídia estatal, mais de 67% dos 48 milhões de iranianos que podem votar compareceram às urnas. Não havia observadores independentes presentes aos locais de votação para monitorar a eleição ou verificar os números oficiais de comparecimento de eleitores divulgados.
A liderança dos conservadores era esperada já que a votação para o Parlamento de 290 membros, a primeira desde a reeleição contestada nas ruas de Ahmadinejad em 2009, tornou-se uma disputa de popularidade entre dois campos - os que se opõem e os que apoiam o presidente. Uma vitória de seus rivais enfraquecerá a posição de Ahmadinejad para a corrida presidencial de 2013.
Com a oposição dizimada em repressões brutais durante os últimos três anos e com grandes facções reformistas ausentes das seções eleitorais, é improvável que o resultado das eleições mude o curso do Irã em grandes políticas - incluindo sua recusa em suspender o enriquecimento de urânio, que o Ocidente teme ter o objetivo de produzir armas nucleares.
Dos 189 vencedores que surgiram neste sábado, pelo menos 97 eram oponentes conservadores do presidente. Também foram eleitos seis candidatos liberais que se opõem a Ahmadinejad. Os 86 assentos remanescentes estavam divididos entre partidários de Ahmadinejad e centristas.
Sua irmã, Parvin Ahmadinejad, não conseguiu garantir um assento na sua cidade natal de Garmsar, segundo relatos da agência de notícias semioficial, Mehr. De acordo com autoridades, a disputa de 15 cadeiras vai para o segundo turno.
Mais de 3.440 candidatos - todos aprovados pelo sistema islâmico do Irã e sem nenhum vínculo com o Movimento Verde que liderou protestos contra a reeleição de Ahmadinejad há três anos - disputaram a eleição. A votação ocorreu sem os dois principais líderes da oposição: Mir Hussein Moussavi e Mehdi Karoubi, que concorreram à presidência em 2009, estão em prisão domiciliar há mais de um ano. Um Conselho Guardião não eleito, que examinou todos os candidatos, vetou 35 deputados que buscavam a reeleição e cerca de 2 mil outros possíveis candidatos.
Espera-se que os resultados nacionais finais sejam divulgados durante o fim de semana ou no início da próxima semana. Os resultados finais não são esperados para este sábado já que milhões de cédulas eleitorais precisam ser contadas manualmente. A apuração em cidades pequenas, com poucos representantes no Parlamento, devem acabar antes de cidades como Teerã, que têm cerca de 5 milhões de eleitores e 30 legisladores. O novo Parlamento começará a funcionar no final de maio.
A liderança clerical islâmica está ávida para restaurar o dano causado à sua legitimidade pela reação violenta aos oito meses de protestos que se seguiram depois que os opositores de Ahmadinejad disseram que a sua reeleição havia sido fraudada. O líder supremo, que apoiou o resultado de 2009, desde então se voltou radicalmente contra Ahmadinejad.
A divisão entre os conservadores, que antes eram unidos, decorre do fato de o presidente ter irritado o líder supremo por ter ousado desafiar sua escolha para a chefia de inteligência em abril. Muitos que antes apoiavam a reeleição de Ahmadinejad ficaram contra ele depois do episódio.
No Parlamento, os legisladores aprovaram uma petição para convocar o presidente para um questionamento sobre uma longa lista de acusações, incluindo corrupção. Ahmadinejad - o primeiro presidente iraniano a ser convocado por legisladores - deve prestar depoimento no Parlamento na próxima semana.
*Com AP e Reuters
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