Uma aluna da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ) foi atacada, na manhã desta quinta-feira, nos arredores do campus da instituição, em Seropédica. Em redes sociais, alunos relatam que ouviram gritos antes de uma jovem “cheia de sangue nas roupas e nas mãos” surgir de uma trilha próxima ao Instituto de Florestas, contando que havia sofrido uma tentativa de estupro e pedindo ajuda.
Segundo informações preliminares da Polícia Militar de Seropédica, a estudante passava por uma ciclovia próxima à universidade, quando foi ameaçada por um homem munido de uma faca. Ele tomou os pertences dela e chegou a tentar estuprá-la. A vítima sofreu ferimento em um dos dedos com a faca. Policiais também disseram que, ao perseguirem o acusado, ele tentou se desfazer da faca e dos pertences roubados, mas o material foi recuperado. O suspeito foi capturado e levado à 48ª Delegacia de Polícia de Seropédica, onde a vítima também presta depoimento.
A vítima de 20 anos não teve a identidade revelada. Após o ocorrido, deitada na ambulância, ela conta que estava indo para a aula, por volta das 10h, quando foi abordada por um homem de casaco azul que estava segurando uma faca. Segundo ela, o rapaz gritou dizendo que iria estuprá-la, e tentou agarrá-la.
- Estava indo para a aula quando vi esse cara com uma faca na mão ameaçando me estuprar. Eu ainda ofereci dinheiro, mas ele disse que não queria. Fiquei empurrando, mas ele chegou a encostar a faca na minha barriga e abaixar as calças dele.
Toda a ação durou cerca de 20 minutos, até o momento em que policiais tentaram abordar o rapaz, dando início à persegução pela a mata.
A aluna de engenharia florestal Aline Miranda testemunhou o momento do ataque, que ocorreu por volta de 10h10m.
- Eu estava indo a pé para a Rural e avistei uma pessoa de blusa azul em pé, na trilha que fica próxima ao Instituto de Florestas. Quando voltei, ouvi gritos e vi o homem de azul tentando segurar a menina - contou a estudante de 22 anos. - Na mesma hora, passava um carro da guarda da universidade. Acenei, mas eles não viram. A ciclovia estava vazia. Fiquei sem reação na hora e com muito medo, incapaz de ajudar.
Criadora da página “Abusos cotidianos - UFRRJ”, que, justamente, coleta relatos de ataques ocorridos na universidade, a estudante de psicologia Ellen Mariane contou que, segundo relatos de colegas, a jovem saiu gritando de dentro de umas das trilhas que leva à universidade. Ela sangrava e dizia que tinha sido atacada por um homem.
- Ela foi atendida por uma ambulância e havia muitos policiais militares no local - comentou Ellen, reclamando que ataques são frequentes na área, principalmente com mulheres. - É o tempo todo, a qualquer hora.
A UFRRJ ainda não se pronunciou oficialmente sobre o caso, mas informou que já está apurando os fatos junto à guarda do campus. Assaltos e agressões sexuais, no entanto, são comuns nos arredores da UFRRJ.
No mês passado, a estudante de zootecnia Maiara Viana Dias foi assaltada quando caminhava de casa, no bairro Boa Esperança, para a universidade, trajeto que geralmente percorre em poucos minutos. Ela estava com uma amiga, mas a companhia não intimidou o agressor.
- Um homem de bicicleta que aparentava ter em torno de 40 anos nos abordou, puxou uma faca e mandou entregarmos os celulares e dinheiro - lembra a estudante de 25 anos. - Mesmo em grupos de até três pessoas, alunos costumam ser assaltados, principalmente as mulheres.
Segundo a jovem, a ciclovia nos arredores da universidade, onde ela foi assaltada, é um local extremamente inseguro.
- Eu costumava ir de bicicleta para a faculdade, mas não posso mais. As ciclovias são o maior alvo dos assaltantes e estupradores - conta Maiara.