Defensores flagram pacientes no chão em vistoria surpresa no PS de Cuiabá

Defensores flagram pacientes no chão em vistoria surpresa no PS de Cuiabá

Fonte: Atualizado: sábado, 31 de maio de 2014 às 09:43

Pacientes reclamam do atendimento no Pronto Socorro de Cuiabá (Foto: Kelly Martins/G1 MT)

  Pacientes que aguardam até três meses por uma cirurgia superlotam o Hospital e Pronto Socorro Municipal de Cuiabá (PSCM). Essa foi uma das constatações feitas por defensores públicos do Estado que realizaram na madrugada desta sexta-feira (13) uma inspeção no hospital para verificar as denúncias de precariedade e irregularidades apontadas pelo Sindicato dos Médicos de Mato Grosso (Sindimed-MT). A visita surpresa durou aproximadamente duas horas. O grupo formado por sete defensores percorreu todos os corredores e alas do pronto socorro.

Em uma das alas, a maioria das cirurgias é de ortopedia e quase 30 pacientes estão praticamente “alojados” em um local sem condições para receber tantos doentes, conforme avalia a defensor João Paulo Dias. “Isso é algo surpreendente. Dezenas de pessoas amontoadas em um lugar que não tem a mínima condição de recebê-las”. Isso porque, no local, não há nenhuma climatização o que gera intenso calor. A perplexidade aumentava diante das constatações de pacientes espalhados, misturados, dormindo em colchões e muitos com fraturas expostas que aguardavam por atendimento.

A mesma situação foi verificada em praticamente todos os setores, o que faz com que os próprios pacientes levem seus ventiladores. Além disso, a falta de estrutura para acomodar os acompanhantes fez com que inúmeros deles fossem encontrados, no chão, dormindo em papelões embaixo das macas.

  Na sala de emergência, por exemplo, havia quatro pessoas vítimas de acidentes. Outras cinco estavam entubadas sem aparelhos de monitoramento porque o hospital está sem o equipamento. Outro caso é de um homem de 65 anos que está na ala há 13 dias aguardando para ser operado. “Não aguento mais ficar neste lugar. Parece que estou ficando mais doente aqui”, desabafou.

Os defensores encontraram até mesmo um presidiário que não conseguiu ficar em um setor isolado e estava internado juntamente com outros pacientes. A estimativa é de que existam quase 200 pacientes além da capacidade do Pronto-Socorro.

Medidas emergenciais

O sub-defensor Sávio Copetti confirmou as irregularidades denunciadas pelo Sindimed e declarou apoio aos médicos para levar as denúncias à esfera judicial para que medidas emergenciais sejam tomadas. O coordenador do Núcleo de Direitos Humanos da Defensoria, Clodoaldo Queiroz, destacou que a instituição tem protocolado ações individuais para fazer a transferência de pacientes para outras unidades de saúde. Por outro lado, ele analisa que a medida tem se tornado inviável diante do alto número de pacientes que superlotam o hospital em busca de vagas.

“Os pacientes estão praticamente largados e não há um acompanhamento direto dos casos por médicos. Os técnicos e servidores são os que estão assumindo essa função. Providências têm que ser tomadas no coletivo”, pontua.

Segundo os defensores, o Governo e o Município deverão ser denunciados na Organização dos Estados Americanos (OEA). Queiroz disse ainda que, diante das constatações realizadas nesta madrugada, a Defensoria Pública irá analisar o perfil dos pacientes e a situação de cada um. A medida deverá ser decidida ainda nesta sexta-feira em uma reunião entre a Defensoria e o Sindimed.

Problemática

A demissão de enfermeiros e técnicos de enfermagem contratados também agravou o problema do Pronto Socorro. Nesta semana 175 servidores da saúde municipal tiveram os contratos cancelados por estar em situação irregular, segundo a Prefeitura.

Na quinta-feira (12), o prefeito de Cuiabá Chico Galindo, o secretário municipal de Saúde, Antônio Pires, e o secretário estadual Pedro Henry anunciaram algumas medidas emergenciais para contornar a crise no Pronto Socorro. A ala reformada deve entrar em funcionamento a partir da semana que vem. O governo do estado também informou que deve construir duas Unidades de Pronto Atendimento (UPA) em até 150 dias, com a intenção de desafogar o Pronto Socorro da capital.          

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