As empresas brasileiras já adotam tecnologia no mesmo nível das companhias dos países desenvolvidos. Esta é a constatação do estudo A essência do CIO, realizado pela IBM com mais de três mil líderes de TI, em 72 países, sendo 190 do Brasil, dos setores público, comunicações, industrial, finanças e distribuição.
Cada empresa foi classificada em quatro fases com relação à adoção de TI: alavancar, expandir, transformar e desbravar. Na fase alavancar são empresas que estão revendo o ambiente legado e usam a tecnologia na manutenção e automatização de parte dos processos de negócios. Na amostragem global, 14% das organizações estão neste perfil, mas no Brasil, são 9%. Na fase expandir, em que se identifica TI com maior influência nos negócios, além das questões operacionais, que são quase metade dos entrevistados: 50% global e 45% Brasil.
Segundo o gerente de consultoria de TI da IBM Brasil, Marcelo Piassarollo, é notória a rápida evolução do País na visão de como a tecnologia da informação é decisiva nos negócios e como alinhar a mesma com as expectativas dos CEOs.
Há cinco ou seis anos víamos a maioria das empresas brasileiras na fase alavancar. Em pouco tempo conseguimos nos igualar à média dos mercados desenvolvidos, o que demonstra que o Brasil chegou ao seu melhor momento de crescimento e maturidade, analisa. O resultado reflete o aquecimento do mercado local, que levou e continuará incentivando as empresas a buscar uma TI que acompanhe o crescimento de seus negócios.
Piassarollo estima que levará cerca de dez anos para que a maioria das empresas do País passe para a fase transformar, que tem foco em otimização, simplificação e inovação e acontece num cenário em que a tecnologia é coparticipante do processo de transformação do negócio. Hoje, 23% dos entrevistados mundiais e 28% dos brasileiros encontram-se neste perfil. O estudo identificou que 18% das empresas brasileiras pesquisadas, ante 13% das mundiais, se encontram na fase desbravar, quando a TI promove inovação no desenvolvimento de produtos e no modelo de negócios de uma empresa. No Brasil, a maioria das empresas estão nas fases transformar e desbravar nos segmentos varejo, finanças e seguros.
A pesquisa traçou um cenário das preocupações, prioridades e caminhos para o CIO brasileiro e identificou que o líder de TI está ainda mais alinhado com o CEO (Chief Executive Officer), mostrando como a tecnologia tem trabalhado cada vez mais a favor dos negócios das organizações.
O relatório mundial aponta as principais prioridades do CIO para os próximos cinco anos: inteligência de negócio, maior aproximação com os clientes e capacitação profissional, as mesmas apontadas por CEOs no estudo Global CEO Study 2010, conduzido pela IBM com mais de 1,5 mil líderes de empresas de 60 países, incluindo o Brasil.
A pesquisa reforça a visão do CIO como impulsionador da transformação do negócio, com ferramentas de business analytics, métricas preditivas e outras soluções que transformam informação em inteligência de negócio. Estas tecnologias aparecem no topo das prioridades do CIO brasileiro: 83% deles destacaram a importância de painéis de controle visuais interativos e que monitorem em tempo real informações estratégicas para a empresa. Soluções de análise de clientes aparecem como a segunda prioridade para os CIOs no Brasil, apontada por 75% dos entrevistados. Seguidas de perto por soluções de data warehousing, gerenciamento de dados e funcionalidades de busca (68%, 61% e 58%, respectivamente).
Por meio da definição das fases o CIO terá uma visão mais clara de seu papel na organização e poderá promover o uso da tecnologia em favor das prioridades de negócios. As fases são definidas a partir das necessidades estratégicas e o mais indicado será o que melhor atender aos objetivos da organização, avalia Piassarollo. Uma fase não é melhor que a outra e precisa ser definida de acordo com a maturidade da empresa e de suas metas para os próximos anos.
A pesquisa levantou as sugestões para os líderes de TI: decodificar os dados, entregando informações pertinentes ao negócio; sugerir ferramentas que auxiliem na tomada de decisões em tempo real; indicar novos canais de interação com clientes e parceiros; promover a integração entre TI e negócios; usar redes sociais para melhor compreender a percepção dos clientes sobre a empresa; incentivar a inovação; aumentar a transparência e promover a colaboração com parceiros de negócios; padronizar e simplificar processos; delegar aos parceiros de negócios funções não estratégicas de TI; obter profundo conhecimento do negócio e liderar e dedicar parte do seu tempo à inovação.
Contrastes A amostra global do estudo apontou que cloud computing é uma prioridade para a maioria dos CIOs mundiais: 60% deles pretendem adotar a nuvem nos próximos cinco anos como infraestrutura de suporte ao crescimento de seus negócios e ganho de vantagem competitiva no estudo de 2009, apenas um terço dos líderes de TI pensava em usar a tecnologia. Porém, esta tendência ainda não é seguida pelos CIOs brasileiros, que apontaram computação em nuvem como quarta prioridade, o que demonstra menor urgência dos líderes locais e um grande espaço para amadurecimento da tecnologia no País.
Com a proliferação de dispositivos móveis com funcionalidades avançadas e aplicações que oferecem suporte à produtividade dos negócios, a computação móvel e soluções de mobilidade também passaram a ser vistas como diferencial de negócios por 74% dos CIOs entrevistados em 2009 este número ficou em 68%.