O carregador Battery Charger II, da C3 Tech, promete (e cumpre) a tarefa de dar nova carga em pilhas recarregáveis comuns e em alcalinas. Após a publicação do teste com o aparelho pelo UOL Tecnologia, diversos leitores mandaram e-mails questionando a escolha do produto. Disseram ser impossível realizar tal coisa sem apelar para magia negra. Alguns questionaram a segurança da operação, alegando que poderia resultar em explosões, incêndios e mortes. Por fim houve aqueles que, sem tomar partido, gostariam de saber mais sobre o assunto.
Por isso, o UOL Tecnologia conversou com três especialistas sobre pilhas e seu carregamento - um representante da C3 Tech, outro da Duracell e um professor de engenharia química da FEI (ex-Faculdade de Engenharia Industrial, atual Fundação Educacional Inaciana). Com pontos de vista divergentes, os entrevistados dissecaram o Battery Charger II e o processo de recarregamento de pilhas em geral (e até sobre a crença de usar a geladeira para dar mais carga às baterias). Confira abaixo as opiniões.
Fabricante do carregador
De acordo Alan Hsu, gerente de qualidade da C3 Tech, o equipamento é 100% seguro se for utilizado de acordo com as instruções da embalagem. Além disso, o funcionamento é supervisionado por um processador, que monitora a operação de recarga. Veja entrevista completa.
“Por meio de um microprocessador, o Battery Charger II é capaz de avaliar instantaneamente se uma pilha pode ser recarregada. Através do LED frontal, é possível saber se a pilha está recebendo carga ou se ela deve ser descartada”, aponta Hsu. “O modo de recarga das pilhas alcalinas é muito simples: através de micro pulsos elétricos controlados pelo chip, ela sofre uma dessaturação química para que possa ser utilizada novamente. Esse é o motivo de usar sempre pilhas em bom estado, que não apresentem sinais de vazamento.”
O gerente de qualidade rechaça a ideia de explosão do equipamento ou de pilhas. “Com os carregadores da C3 Tech, isso não acontece. “O microprocessador faz monitoração ativa do processo de dessaturação química da pilha. Assim, quaisquer indícios de sobrecarga ou oscilação ele desliga.” De acordo com a empresa, o equipamento tem proteção contra superaquecimento, desativando assim o processo de recarga. Pilhas muito velhas não recarregam: assim, em tese, não haveria a possibilidade de explosão.
Professor
O professor do curso de Engenharia Química do Centro Universitário da FEI Luís Novazzi recomenda que pilhas alcalinas não sejam recarregadas. De acordo com o especialista, que analisou o teste veiculado pelo UOL Tecnologia, é possível, sim, que o próprio Battery Charger II e tudo o que estiver em seu interior vá pelos ares.
“Em princípio não se deve realizar o carregamento de pilhas não recarregáveis, como as alcalinas. Se isso for feito, podem ser promovidas reações eletroquímicas secundárias, com geração de produtos em fase gasosa. Além disso, pode ocorrer também curto circuito na própria pilha”, diz o professor. “Esses dois efeitos podem sem dúvida nenhuma provocar a explosão da pilha. Pode acontecer também curto circuito no carregador, fazendo-o pegar fogo.”
Fabricante de pilhas
A Procter and Gamble, que detém a marca de pilhas alcalinas Duracell, não encoraja a prática de dar sobrevida a seus produtos. De acordo com Marina Mizumoto, gerente de marketing da empresa, “a Duracell não recomenda aos consumidores que recarreguem pilhas alcalinas. Esse procedimento pode significar aumento do risco de vazamento dela”.
De acordo com a empresa, recorrer a geladeiras para dar vida longa a pilhas é mais seguro do que apelar para o Battery Charger, mas bem menos eficaz. “Este comportamento começou com as pilhas de zinco-carbono. Colocá-las na geladeira reduz a autodescarga”, aponta Marina. “Por conta disso, os consumidores percebiam certa diferença em relação a uma pilha que não passava pelo mesmo processo. No caso das pilhas alcalinas, a autodescarga é baixa e a diferença não é perceptível, portanto colocar pilhas alcalinas na geladeira não prejudica nem ajuda a sobrevida.”