O seu Ernesto Paulella morreu ontem. Que pena.
Sabe quem é ele? O “Arnesto”, do samba do Adoniran.
Viveu quase cem anos, dos quais, uns 40, conhecido pelo samba feito pelo amigo.
Pensei nos meus amigos.
Não tenho muitos. Nem poucos.
Amizade é esse negócio bonito e inexplicável, que faz com que a gente faça pelo outro, algo que faça melhor ao outro, do que pra gente mesmo, muitas vezes.
É pensar no amigo, mais tempo do que se imagina. É lembrar-se do amigo quando se vê algo que lhe diz respeito, mesmo estando longe, mesmo não vendo faz tempo.
Acontece muito comigo.
Ouço uma moda, lembro do Vinícius; vejo uma guitarra, penso no Salva; vejo uma foto de Brasília, viajo até a casa do Thiago; um radinho de pilha, me lembra o Alex; o frio da Rússia, me leva ao Beto. Enfim... Tem mais coisas que me lembram mais pessoas.
Amigo é esse ser que não merece, nem, muitas vezes, faz por merecer, mas que a gente ama. Por quê? Porque ama, uai.
O que sustenta a amizade é isso, um samba sacana e a disposição de continuar, muitas vezes, “apesar de”, ano após ano.
Sabia que o “Arnesto” nunca convidou o Adoniran pra um samba no Brás? E, muito menos, furou com ele. E ficou conhecido como furão, por causa da sacanagem do amigo sambista. Mas, sabe o que ele respondeu ao Adoniran, quando o mesmo o perguntou sobre o que tinha achado do samba sacana? Disse o seguinte: “você me partiu ao meio, Adoniran. Esse samba foi a coisa mais bonita que me aconteceu”.
Mas por quê?
Porque amizade é assim, uai.
- Fabricio Cunha
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