Existe profecia que de tão bela, parece poética. Há também a poesia profética. Porém, ambas podem ser patéticas.
Todo profeta conhece bem Deus e seu povo. A denúncia do profeta baseia-se na realidade.
Todo poeta transvê o rumo do mundo. Sua poesia é cíclica e nunca redundante. Ninguém fala o óbvio, exceto os patetas. Nunca os profetas, nem mesmo os poetas!
Todo pateta é patético!
Já conheci patetas-profetas, poetas-patetas e patético-patetas.
E por favor, não confundam patetas com palhaços. Patetas são tolos, palhaços engraçados.
O pateta é sempre parvo. O palhaço é intencionado em divertir. O pateta é sem graça. Repito: o pateta-profeta é sem Graça!
O pateta é sempre apoucado. Pode falar um bocado que o discurso continua insignificante.
Não raro, patetas ocupam o lugar dos profetas ou dos poetas. Só que continua sendo pateta. Agora, disseminando profecias ou poesias – patéticas.
Patetas não possuem identidade. Geralmente, se acham naquilo que pensam que sabem.
A poesia de um poeta é irreconhecível para o pateta-poeta. Este mesmo pateta-profeta é incapaz de discernir a profecia do genuíno profeta.
O patético suscita entre a piedade, a dó ou a tristeza. A indolência, impossibilita o pateta de perceber o tom da verdade.
O profeta ecoa sussurros e gemidos. Porque profeta ouve e (ch)ora.
O poeta canta verbos e (or)ações. Sua conjugação é (e)terna.
O pateta logra falácias pomposas de grande porte e zote.
Diferente do profeta, baseado na realidade; ou do poeta, capaz de transver; o pateta não tem noção. Nem do sim, nem do não. Nem do certo, nem do errado.
Para o pateta, tudo tanto faz. Faz “profecia” naquilo que acha que é. Faz “poesia” e nada onde não dá pé. Em se tratando de profundidade, o pateta boia no raso.
O pateta que vive fantasiado no profeta é apático. O pateta que sucumbe o poeta é antipático.
A “profecia” proferida pelo pateta-profeta é sempre bem vista.
O pateta-profeta quer púlpitos, palanques, palcos, altares…
A “poesia” declamada pelo pateta-poeta rimará com um léxico redundante.
O pateta-poeta conhece as sílabas que estão em voga. Lidera saraus! Nele o eu lírico é inabitável. Lá mora um agudo querendo sucesso. E isso é grave!
No pateta-profeta ocupa a espiritualidade mórbida. Vocabulário religioso, experiência cósmica, postura sacerdotal. Escapismo cultural. Ele ama liderar, profetar, intervir… Odeia servir.
Não havendo profecia, o povo se corrompe – Disse o Rei Salomão.
Assimilação hipotética: em tempos de crise poética, falta Amor, Moral, Ética…
Por isso arrisco: os patetas são um risco!
Que os profetas escrevam!
Que os poetas rabisquem!
Urgente gente: Identifiquem os patetas!
– Vinnícius Almeida